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“Como ser uma pessoa fria?” lidera as buscas no Google em 2021. Por quê?

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© Castleski - Shutterstock

Ricardo Sanches - publicado em 17/12/21

Esse desejo revela mais uma consequência da pandemia ou seria resultado de decepções?

Sinto muito, mas não é neste artigo que você vai aprender a ser uma pessoa fria. Na verdade, quero trazer à luz o fato de a pergunta “como ser uma pessoa fria?” ser uma das mais procuradas no Google em 2021 pelos brasileiros.

Na verdade, quando tive acesso aos resultados anuais do Google Trends, fiquei espantado. Imediatamente pensei: mas por que alguém desejaria se tornar uma pessoa fria?

Logo pensei em algum gatilho que pudesse ter feito o assunto disparar, como geralmente acontece quando um meme, uma declaração ou um fato de grande repercussão acontece. Nestes casos, as pessoas vão logo “procurar no Google” sobre o determinado assunto.

Minha triste constatação: não houve nenhum gatilho deste tipo. E mais: a busca esteve em alta durante todo o ano (apresentando oscilações, claro). Ou seja, não foi um caso isolado, algo específico que pudesse fazer o termo estar entre os mais buscados.

Portanto, esse caminho levou a concluir que ser uma pessoa fria, infelizmente, é um desejo de muita gente. Sim, porque quando não há os gatilhos que já mencionei as pessoas buscam na internet respostas para aquilo que aflige seus corações e satisfaçam seu desejo.

Por que ser uma pessoa fria?

Relutei para não atribuir a resposta à pandemia (parece que tudo, hoje em dia, é culpa da Covid-19). Mas foi inevitável.

Sim, a pandemia fez muita gente repensar valores e comportamentos. Imagine um cara extrovertido, que gosta de se relacionar com as pessoas, fazer brincadeiras, abraçar e beijar todo mundo. De repente, ele se vê trancafiado em casa, trabalhando remotamente e sem poder fazer aquele happy hour no bar com os amigos do escritório… Muitos, de fato, não souberam lidar com o confinamento.

A frustração por não poder ser o que se era durante algum tempo (ou não poder fazer o que estava acostumado – e do jeito a que estava acostumado) fez as pessoas quererem mudar seus comportamentos.

E aí vem o pensamento um tanto equivocado: “se não posso sair, encontrar amigos e familiares, se não posso conversar com as pessoas presencialmente e demonstrar fisicamente o meu afeto e carinho, prefiro ser uma pessoa fria para sofrer menos”. Mas como? Procura no Google…

Além disso, o período de quarentena deixou algumas pessoas mais estressadas, ansiosas, impacientes, intolerantes. E lidar com elas exigiu paciência e compreensão em dobro.

Não é só a pandemia

Mas vamos ser honestos: não foi só a quarentena que fez com que as pessoas quisessem ser frias. Quaisquer decepções ou frustrações – sobretudo no campo sentimental – também fazem as pessoas reverem seus comportamentos. E, infelizmente, de acordo com a forma como o indivíduo é tratado, essa mudança pode ser parar melhor ou pior.

Outro pensamento equivocado, mas comum e, muitas vezes, inevitável: “Se eu me dediquei tanto a esta pessoa, fui respeitoso, cordial, gentil e amoroso, por que ela me tratou mal? Acho que devo aprender a ser mais frio e calculista”.

Não vou muito longe para dar um exemplo. Dia destes um grande amigo postou um desabafo nas redes sociais: “Com quantos anos você se deu conta que tratar as pessoas com respeito, no final de tudo, não vale a pena?”

Certamente ele passou por uma forte decepção e estava no auge deste sentimento. Mas respeito nunca é demais. Como comentou uma das seguidoras dele, “respeito sempre abre portas. E sorrisos. Siga em frente com a certeza que uma experiência ruim não define o seu caráter.”

O exemplo de Jesus

Como cristãos, não devemos ser pessoas frias. Precisamos desenvolver a empatia, a solidariedade, a gentileza, o respeito, o amor ao próximo. Independentemente do que aconteça. Não estou falando que é fácil, mas temos que lembrar sempre do ensinamento de Jesus: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

Isso quer dizer que devemos ser bobos, tolerar, excessos, aceitar provocações ou palavras que nos ferem? Não!

O frei Nelson Medina lembra que “o centro da vida cristã está no amor. Não qualquer amor, mas no amor que Jesus nos mostrou, que poderíamos resumir bem com a expressão de São Tomás de Aquino: buscar o bem do outro. O amor, então, tem muitas expressões e não pode se reduzir a fórmulas fáceis como ‘aguentar tudo’, nem o contrário: ‘não deixar passar nada’. A verdade é que algumas vezes é preciso aguentar, e outras vezes é preciso reagir. O critério é: buscar o bem, o maior bem possível para todos.”

Como ser uma pessoa de coração quente

Portanto, quando você pensar em ser uma pessoa fria, lembre-se de que, ao invés disso, é melhor ter o coração quente e desenvolver ainda mais a sua empatia. Como? Não precisa nem procurar no Google; a gente dá algumas dicas:

1. Ouça atentamente o que as pessoas têm a dizer;

2. Considere a motivação por trás de quem está dizendo;

3. Considere quais experiências de vida ou de trabalho o levaram àquela visão de mundo.

A partir desses três passos, será muito mais fácil colocar-se no lugar do outro. Pode até parecer óbvio demais. Entretanto, quando você começar a praticar a empatia, verá rapidamente os benefícios provocados por ela – e nunca mais vai querer ser uma pessoa fria.

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