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O que o presépio tem a ver com a Eucaristia?

presépio

Di Annamaria Zappatore|Shutterstock

Ricardo Sanches - publicado em 23/12/21

São Francisco de Assis nos ajuda a entender

Já falamos aqui na Aleteia que Belém, o local onde Jesus nasceu, significa “a casa do pão” em hebraico. Ora, isso é muito simbólico e nos faz pensar acerca da analogia entre a representação do nascimento de Cristo – o presépio – e a Eucaristia, quando Ele se faz Pão e Vinho.

Por isso, recorramos a São Francisco de Assis, a quem é atribuída a “invenção” do presépio. O pensamento franciscano estabelece forte ligação entre o nascimento de Jesus e o altar eucarístico. Aliás, o santo teria relacionado, pela primeira vez, a cena da natividade com a Eucaristia já no Natal de Gréccio, em 1223. Quem nos lembra é o Papa Francisco na carta apostólica Admirabile signum:

“Quinze dias antes do Natal, Francisco chamou João, um homem daquela terra, para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: ‘Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro’. Mal acabara de o ouvir, o fiel amigo foi preparar, no lugar designado, tudo o que era necessário segundo o desejo do Santo. No dia 25 de dezembro, chegaram a Gréccio muitos frades, vindos de vários lados, e também homens e mulheres das casas da região, trazendo flores e tochas para iluminar aquela noite santa. Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro. À vista da representação do Natal, as pessoas lá reunidas manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido antes. Depois o sacerdote celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura, mostrando também deste modo a ligação que existe entre a Encarnação do Filho de Deus e a Eucaristia.

Sinal evidente do nascimento de Jesus

No livro “Dicionário Franciscano”, há uma referência ao pensamento de Aelredo de Rielvaux, um abade cistercense do século XII. Ele também faz uma forte analogia entre o presépio e a Eucaristia:

“O presépio de Belém, o altar da Igreja… Não temos nenhum sinal tão grande e evidente do nascimento de Cristo, quanto seu corpo e sangue que diariamente comemos no santo altar. Aquele que uma vez nasceu da Virgem, vemo-lo cotidianamente imolado por nós. Por isso, irmãos, acorramos com presteza ao presépio do Senhor….”.

Os mistérios da Encarnação e da Eucaristia no dia a dia

Em suas “Admoestações”, São Francisco de Assis também fala da interligação entre a “atualização” do nascimento de Jesus e o mistério eucarístico:

“Eis que diariamente ele se humilha (cf. Fl 2,8), como quando veio do trono real (Sb 18, 15) ao útero da Virgem; diariamente ele vem a nós em aparência humilde; diariamente ele desce do seio do Pai (cf. Jo 6,38; 1,18) sobre o altar nas mãos do sacerdote” (Adm 1, 16-18).

Ainda sobre essa questão, o “Dicionário Franciscano” conclui:

“Não se pode dizer que, para Francisco bem como para os outros autores citados a esse respeito, a atualização do nascimento de Cristo no mistério da Eucaristia seja entendida em sentido indireto, porque o sacramento da eucaristia atualiza direta e propriamente o sacrifício da cruz e o mistério da ceia.”

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