A demissão pode ser uma das experiências mais angustiantes e devastadoras da vida de um profissional. Porém, a forma como o líder conduz esse processo influenciará a maneira pela qual o trabalhador sairá da crise
A forma como o CEO de uma fintech (uma startup do setor financeiro) anunciou a demissão de 900 funcionários de uma só vez causou polêmica e revolta.
Vishal Garg convocou os empregados para uma reunião virtual através do Zoom. O executivo, que apareceu vestido informalmente, comunicou em apenas três minutos, que todos os que estavam na reunião deixariam a empresa. “Se você está nesta teleconferência, você faz parte do grupo azarado que está sendo demitido”, afirmou Garg.
Após a enxurrada de críticas, uma semana depois, Garg postou uma carta no site da empresa se desculpando pela maneira como agiu.
Reconhecer os talentos
Saber tratar as pessoas, respeitá-las e aprender a fazer corretamente as demissões, são tarefas fundamentais do líder.
A Better.com – empresa de Garg – estava se preparando para abrir o capital com uma fusão e uma injeção de US $ 750 milhões. Após o escândalo, ela foi forçada a atrasar todo o projeto, uma vez que se tornou um foco negativo de atenção internacional.
Além disso, em setembro ela tinha sido eleita, pelo segundo ano consecutivo, como a startup mais importante dos Estados Unidos, de acordo com o LinkedIn. Porém, depois da polêmica demissão em massa, três dos melhores funcionários da Better pediram para sair da empresa.
Em sua carta, o executivo, aparentemente, reconhece o erro. “Sou o único responsável pela decisão de proceder às demissões, mas quando a comuniquei cometi um erro de execução. Eu fiz isso de uma forma que humilhou. Percebo que a maneira como dei essa notícia piorou ainda mais uma situação difícil. Lamento profundamente”, acrescentou ele.
Demitir sem devastar
A demissão pode ser uma das experiências mais angustiantes, humilhantes e devastadoras na vida de um profissional. Porém, a forma como o líder gerencia esse processo influenciará a a maneira pela qual o funcionário sairá da crise.
Quando um funcionário é demitido, o líder fica em uma situação complicada. Mas a posição de quem está sendo mandado embora é ainda pior.
O demitido logo pensa que precisa procurar um novo emprego para evitar problemas financeiros, e também que explicações dará para a família.

Conselhos para os líderes
Para que esse o processo de demissão não seja tão traumático, as empresas e seus líderes devem levar em conta algumas considerações éticas, como:
- não demitir ninguém na véspera de Natal. Isso seria uma maneira de azedar uma data tão especial;
- comunicar a todos os trabalhadores o objetivo do processo de demissão;
- formar um comitê de negociação para defender os direitos dos empregados;
- organizar uma breve reunião entre o funcionário e seu chefe para explicar o motivo da demissão. Não fazer demissões por telefone, email ou teleconferência;
- esclarecer ao funcionário os reais motivos pelos quais ele está sendo demitido;
- escolher um local que ofereça privacidade e agendar tempo suficiente para conversar durante a demissão.
O que dizer e o que fazer
No momento da demissão, é preciso reconhecer o trabalho do colaborador e entender a sua reação ao perder o emprego. Portanto:
- anuncie diretamente a demissão e espere um momento para se posicionar, pois o funcionário está em estado de choque;
- reconheça o trabalho realizado ao longo dos anos e como o trabalhador foi valorizado;
- especifique os prazos e as etapas a seguir a partir da demissão;
- pergunte que tipo de ajuda o colaborador pode necessitar e esclareça como a empresa pode ajudar. Existem companhias que oferecem serviços de recolocação. Se for o caso, explique como funciona;
- não se surpreenda se o funcionário mostrar sua dor ou raiva. Você deve estar ciente de que a rescisão pode ser muito devastadora e pode levar a pessoa a tentar se matar. É importante estar atento aos sinais.
