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O massacre dos santos inocentes é um fato histórico?

Massacre dos santos inocentes

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Opus Dei - publicado em 27/12/21

Quase não há testemunhos documentais, mas atos semelhantes de crueldade cometidos por Herodes são bem conhecidos

O massacre dos santos inocentes pertence, como o episódio da Estrela dos Magos, ao Evangelho da infância de São Mateus. Os Magos tinham perguntado sobre o Rei dos judeus (Mt 2,1), e Herodes, que se achava o próprio, inventou um estratagema para descobrir quem poderia ser o possível usurpador do seu trono: ele pediu aos Magos que o informassem sobre o seu retorno.

Quando soube que os Magos haviam voltado por outro caminho, “ficou furioso e mandou matar todas as crianças de Belém e da região, a partir dos dois anos de idade, de acordo com o tempo que havia apurado cuidadosamente com os Magos”(Mt 2,16).

A passagem dos santos inocentes evoca outros episódios do Antigo Testamento: o faraó também havia mandado matar todos os recém-nascidos dos hebreus, segundo o livro do Êxodo, mas Moisés fora salvo – justamente aquele que depois libertaria o povo (Ex 1,8-2,10). São Mateus também diz que, com o martírio dessas crianças, cumpria-se um oráculo de Jeremias (Jr 31,15): o povo de Israel foi desterrado, mas o Senhor o tirou do exílio e, num novo êxodo, o conduziu à terra prometendo-lhe uma nova aliança (Jr 31,31).

O significado desta passagem parece claro: não importa o quanto os poderosos da terra tentem, pois eles não podem opor-se aos planos de Deus para salvar os homens.

O massacre dos santos inocentes é um fato histórico?

Devemos, ainda, examinar a historicidade do martírio das crianças inocentes, episódio do qual só temos esta notícia que nos dá São Mateus.

Na lógica da pesquisa histórica moderna, diz-se que “testis unus, testis nullus“: um único testemunho não vale como testemunho algum. No entanto, é fácil pensar que o massacre das crianças em Belém, uma aldeia com poucos habitantes, não foi muito numeroso e, por isso, não ficou nos anais. O certo é que a crueldade que esse episódio manifesta condiz com as brutalidades que Flávio Josefo nos conta sobre Herodes: ele sufocou o seu cunhado Aristóbulo quando este conquistou grande popularidade (Antiguidades Judaicas, 15 e 54-56); assassinou seu sogro Hircano II (15, & 174-178), outro cunhado, Costobar (15 & 247-251), e a própria esposa Marianne (15, & 222-239); em seus últimos anos de vida, matou também os próprios filhos Alexandre e Aristóbulo (16 e 130-135) e, cinco dias antes que ele mesmo morresse, matou mais um filho, Antipatro (17 e 145); finalmente, ordenou que, assim que acontecesse a sua morte, alguns notáveis ​​do reino fossem executados, para que o povo da Judeia, querendo ou não, tivesse motivo para chorar quando ele morresse (17 e 173-175).

Bibliografia:
A. Puig, Jesús. Una biografía, Destino, Barcelona 2005
S. Muñoz Iglesias, Los evangelios de la infancia. IV, BAC, Madrid 1990
J. Danielou, Los evangelios de la infancia, Herder, Barcelona 1969.

Esta matéria se baseia em artigo de Vicente Balaguer na série “50 preguntas sobre Jesús”, publicada no site oficial do Opus Dei na Espanha.

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