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É possível ser católico e maçom?

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Cobalt 123 CC

Vanderlei de Lima - publicado em 02/01/22

A resposta da Igreja é negativa, conforme veremos neste artigo

Alguns católicos são convidados a fazer parte da Maçonaria, mas se perguntam, de imediato, se é possível ser, ao mesmo tempo, católico e maçom? – A resposta da Igreja é negativa, conforme veremos neste artigo.

De início, frisemos que a Maçonaria não teve, como, às vezes, se diz, origem com Hiram, rei de Tiro, que ajudou Salomão na construção do templo de Jerusalém (cf. 1Rs 5,15-26) nem com os Cavaleiros Templários medievais. Ela vem das corporações de pedreiros da Idade Média que, com o domínio da arte gótica, gozavam de imenso prestígio, mas foram ficando de lado ou mesmo se extinguindo com a queda do estilo gótico e a “Reforma” protestante do século XVI.

Ora, a fim de assegurar a essência da corporação, pedreiros ingleses decidiram, a partir de 1641, receber em seus meios membros honorários provenientes da alta nobreza. Tais membros exerceram grande influência sobre os antigos pedreiros. Assim, em 1723, promulgaram-se os Estatutos da instituição elaborados por James Anderson, pastor presbiteriano. Tal Documento foi retocado em 1738. Embora ficassem excluídos da Maçonaria ateus e libertinos, a orientação das Lojas maçônicas era um tanto vaga e relativista, pois professava uma “religião na qual todos os homens concordam entre si. Admitia, sim, a existência de Deus [o grande Arquiteto do Universo – nota nossa], mas sem descer a explicitações ou sem mencionar Jesus Cristo e o Evangelho” (Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Por que não sou maçom? Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, p. 4. Opúsculo 4). Cada membro era livre, em sua consciência e religião, embora se exigisse deles ilibada conduta moral.

Sem descer a pormenores, notamos que a Maçonaria se expandiu, mas também se dividiu em dois grandes ramos: o regular, de origem anglo-saxônica, que parece cultivar certo respeito às religiões, e o irregular, de matriz latina (portanto forte no Brasil), a tornar-se inimigo da Igreja e da monarquia. Todavia, “nos tempos atuais, verifica-se que a Maçonaria no Brasil está assaz dividida. Há Lojas hostis ao Catolicismo e à Igreja como há outras que são neutras; a configuração e as atividades de cada Loja dependem muito dos seus componentes” (idem, p. 10).

Daí a questão: essa subdivisão entre os maçons não poderia levar a Igreja a abrir-se, ao menos, a algumas Lojas? A resposta é negativa. Há muitos documentos pontifícios contrários à Maçonaria (cf. Clemente XII, In eminenti (1738); Bento XIV, Provida (1751); Leão XII, Quo graviora (1825); Leão XIII, Humanum genus (1884), sem falar em Pio IX que, muito perseguido por maçons italianos, condenou a Maçonaria em mais de vinte diferentes documentos). Ainda: em 26/11/1983, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu uma Declaração elucidativa, cujo parágrafo principal diz: “Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas.  Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão”.

As razões do não são quatro: 1) o caráter secreto. Este era, de início, inocente (dizia respeito ao segredo dos pedreiros medievais), mas tornou-se suspeito ao tratar de intenções filosóficas ou de planos de ação não claros das respectivas Lojas, quando Nosso Senhor nos exorta a buscar sempre a luz (cf. Jo 3,20-21); 2) a índole anticristã, em especial de certas Lojas de origem latina, é nociva à Igreja em sua defesa da cristianização da vida social, das escolas confessionais, das aulas de religião na rede pública de ensino etc.; 3) a mentalidade relativista, a opor-se a toda verdade, logo à Verdade por excelência que é Cristo (cf. Jo 14,6; 8,32) e 4) a oposição à Igreja Católica que professa, sem dúvida alguma, a existência do Absoluto ou da Verdade plena capaz de ser conhecida por todos os fiéis pela graça divina que a ninguém falta.

Eis porque alguém não pode ser, ao mesmo tempo, católico e maçom.

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