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Papa: como estimular a cultura do diálogo e da fraternidade

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Handout / VATICAN MEDIA / AFP

Reportagem local - publicado em 11/01/22

A paz é um bem "contagioso", que se propaga a partir do coração de quantos a desejam e aspiram a vivê-la abraçando o mundo inteiro

O Papa Francisco comentou ontem os elementos que ele considera essenciais para fomentar uma cultura do diálogo e da fraternidade.

Em seu discurso anual aos embaixadores creditados junto à Santa Sé, o Papa disse que a cultura do diálogo e da fraternidade é construída através da educação e do trabalho.

Educação

Segundo o Papa, comentando o primeiro aspecto, a educação é “o vetor primário do desenvolvimento humano integral, pois torna a pessoa livre e responsável”.

O processo educativo é lento e trabalhoso, podendo às vezes levar ao desânimo, mas não se pode renunciar a ele jamais. Aquele é expressão eminente do diálogo, porque não há verdadeira educação que não seja estruturalmente dialógica. Depois a educação gera cultura e cria pontes de encontro entre os povos.

Segundo o Papa, a Igreja Católica sempre reconheceu e valorizou o papel da educação para o crescimento espiritual, moral e social das novas gerações.

Por isso, é ainda mais doloroso para mim constatar como, em vários centros educativos – paróquias e escolas –, foram cometidos abusos sobre menores, com graves consequências psicológicas e espirituais para as pessoas que os sofreram. Trata-se de crimes, sobre os quais deve haver uma firme vontade de esclarecer, examinando os casos individuais para apurar as responsabilidades, fazer justiça às vítimas e impedir que se repitam no futuro semelhantes atrocidades.

Tecnologia

Em seguida, o Papa afirmou que a pandemia impediu a muitos jovens o acesso às instituições educativas, em detrimento do seu processo de crescimento pessoal e social.

Muitos, através dos instrumentos tecnológicos modernos, encontraram refúgio em realidades virtuais que criam laços psicológicos e emocionais muito fortes, com a consequência de se alhearem dos outros e da realidade circundante e modificarem radicalmente as relações sociais.

Com isto, não pretendo certamente negar a utilidade da tecnologia e dos seus produtos, que permitem conectar-se sempre com mais facilidade e rapidez, mas recordo a urgência de velar para que tais instrumentos não substituam as verdadeiras relações humanas a nível interpessoal, familiar, social e internacional. Se já desde pequeno se aprende a isolar-se, será mais difícil no futuro construir pontes de fraternidade e de paz. Num universo onde só existe o «eu», dificilmente pode haver espaço para um «nós».

Trabalho

O segundo elemento que o Papa quis destacar foi o trabalho, “fator indispensável para construir e preservar a paz”.

Salta aos olhos como a pandemia pôs duramente à prova a economia mundial, com graves repercussões nas famílias e nos trabalhadores, que vivem situações marcadas mais pela angústia psicológica do que pelas próprias dificuldades económicas. Aquela colocou ainda mais em evidência as desigualdades persistentes em várias esferas socioeconómicas. Pense-se no acesso a água potável, na alimentação, na instrução, nos cuidados médicos. O número de pessoas incluídas na categoria de pobreza extrema tem aumentado sensivelmente. Além disso, a crise sanitária levou muitos trabalhadores a mudar o tipo de trabalho e obrigou-os por vezes a entrar na economia clandestina, privando-os assim dos sistemas de proteção social previstos em muitos países.

Desenvolvimento econômico

Neste contexto, o Papa disse que “não existe desenvolvimento económico sem o trabalho, nem se deve pensar que as tecnologias modernas possam substituir o valor acrescentado que advém do trabalho humano”.

Depois, é ocasião de descobrir a própria dignidade, de encontro e de crescimento humano, via privilegiada através da qual cada um participa ativamente no bem comum e presta uma contribuição concreta para a construção da paz. Por isso é necessária, também neste campo, uma maior cooperação entre todos os atores a nível local, nacional, regional e global, especialmente no próximo futuro com os desafios colocados pela desejada reconversão ecológica. Os próximos anos serão um tempo de oportunidades para desenvolver novos serviços e empresas, adaptar os existentes, aumentar o acesso ao trabalho digno e empenhar-se pelo respeito dos direitos humanos e de níveis adequados de remuneração e proteção social.

Paz

O Papa encerrou seu discurso aos embaixadores afirmando que “não devemos ter medo de abrir espaço para a paz na nossa vida, cultivando o diálogo e a fraternidade entre nós”.

A paz é um bem «contagioso», que se propaga a partir do coração de quantos a desejam e aspiram a vivê-la abraçando o mundo inteiro. A cada um de vós, aos vossos entes queridos e aos vossos povos, renovo a minha bênção e os votos, bem sentidos, dum ano de serenidade e paz.

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