Você, obviamente já percebeu: em todas as pinturas, esculturas, ou desenhos, os anjos sempre aparecem com asas. Mas alguma você já pensou no motivo pelo qual Deus teria presenteado essas criaturas espirituais com esses “acessórios”? Ou: será que eles realmente têm asas?
Para entender a representação artística dos anjos, devemos entender a natureza deles na tradição cristã. Você sabia, por exemplo, que a palavra "anjo" deriva do latim angelus, que significa "mensageiro de Deus"?
O Catecismo da Igreja Católica esclarece:
“Santo Agostinho diz a respeito deles: «Angelus [...] officii nomen est, non naturae. Quaeris nomen naturae, spiritus est; quaeris officium, angelus est: ex eo quod est, spiritus est: ex eo quod agit, angelus –Anjo é nome de ofício, não de natureza. Desejas saber o nome da natureza? Espírito. Desejas saber o do ofício? Anjo. Pelo que é, é espírito: pelo que faz, é anjo (anjo = mensageiro)». Com todo o seu ser, os anjos são servos e mensageiros de Deus. Pelo fato de contemplarem «continuamente o rosto do meu Pai que está nos céus» (Mt 18, 10), eles são «os poderosos executores das suas ordens, sempre atentos à sua palavra» (Sl 103, 20). Enquanto criaturas puramente espirituais são dotados de inteligência e vontade: são criaturas pessoais e imortais. Excedem em perfeição todas as criaturas visíveis. O esplendor da sua glória assim o atesta” (CIC 329 e 330).
Os anjos são espíritos puros, o que significa que eles não possuem um corpo físico, embora às vezes eles possam assumir a aparência de um ser humano. A forma visível que muitas vezes é relatada nas Escrituras é uma forma utilizada para que possamos vê-los com nossos olhos. Mas estamos falando de criaturas naturalmente invisíveis.
Na arte
Durante os primeiros séculos da Igreja, os anjos não eram retratados de forma muito diferente dos seres humanos na arte religiosa.
No entanto, a partir do século IV, os artistas começaram a diferenciar essas criaturas espirituais. A primeira descrição conhecida de um anjo com asas está no Sarcófago do Príncipe, encontrado em Sarigüzel, perto de Istambul, que teria sido produzida entre os anos 379 e 395.
Desde então, os artistas começaram a usar asas para distinguir os anjos dos seres humanos. As asas foram o recurso artístico encontrado para se referir ao caráter mensageiro dessas criaturas.
Uma das razões está ligada ao simbolismo espiritual dos pássaros, que no mundo antigo foram vistos (e usados) como mensageiros. A tradição é tão antiga quanto Noé e continuou através da mitologia grega. O deus Hermes, por exemplo, é conhecido como o mensageiro dos deuses e, frequentemente, era retratado com asas ligadas ao capacete ou ao chapéu.
Seria natural que os artistas greco-romanos aproveitassem essa tradição para representar visualmente os anjos, os verdadeiros mensageiros de Deus.