Em 1º de janeiro último, durante sua tradicional mensagem de Ano Novo na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco fez um apelo pelo fim da violência contra as mulheres. “Quanta violência é dirigida contra a mulher! Chega! Machucar uma mulher é insultar a Deus, que de mulher assumiu nossa humanidade”, disse Vossa Santidade, que abordou temas como a maternidade durante seu pronunciamento.
“E visto que as mães dão vida e as mulheres mantêm o mundo (junto), vamos todos fazer maiores esforços para promover as mães e proteger as mulheres”, declarou o Pontífice, que na mesma ocasião fez um dos seus apelos mais contundentes contra a violência de gênero.
Desde o início da pandemia, em que aumentaram os registros de agressão contra a mulher em diversos países do mundo, Papa Francisco criticando publicamente o ato em diversas aparições públicas, como em uma entrevista a uma emissora de TV italiana concedida em novembro, quando classificou a violência contra a mulher como algo "quase satânico".
Dados comprovam
Uma pesquisa chamada “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher — 2021”, que desde 2005 é realizada a cada dois anos pelo Instituto DataSenado com o Observatório de Mulheres contra a Violência, foi divulgada em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos no mês passado. Os dados revelam que a percepção do Papa, de aumento de agressões contra as mulheres durante a pandemia, é verdadeira no país. E que boa parte da população brasileira masculina não segue as recomendações do Pontífice com relação ao tema.
O estudo contou com o relato de 3 mil mulheres que foram ouvidas entre 14 de outubro e 5 de novembro de 2021. Do total de entrevistadas, 86% disse ter percebido um aumento de violência contra o sexo feminino no último ano; 71% considera o Brasil um país muito machista; 68% disse conhecer uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar; e enquanto 27% disse já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem.
Ainda de acordo com a pesquisa, 75% das mulheres brasileiras considera que o medo leva a mulher a não denunciar e 18% das mulheres agredidas por homens convivem com o agressor. A percepção geral das mulheres sobre violência é 4% maior do que na edição anterior do estudo, de 2019. "Nós acreditamos que os resultados da pesquisa podem ajudar bastante nas políticas públicas voltadas ao combate da violência contra a mulher", afirmou o coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira.
Denuncie
Como o Papa, devemos fazer nossa missão combater a violência contra a mulher, mesmo enquanto homens, auxiliando e acolhendo vítimas, assim como repreendendo outros homens do nosso convívio por atitudes machistas, o que reforça episódios de agressão. Para denúncias, ligue para a Central de Atendimento à Mulher, número 180.