É um cenário de grande violência espiritual o que aconteceu no domingo, 17 de janeiro, na paróquia de Saint-Esprit (arredores de Paris). Enquanto o padre Simon de Violet, um dos vigários, está distribuindo a comunhão durante a missa dominical, um homem chega e estende a mão para receber o corpo de Cristo. Mas, em vez de levá-lo à boca, ele levanta a hóstia até o rosto e a esmaga em mil pedaços antes de jogá-la no chão.
“Foi na missa das 11 horas, e havia muita gente”, disse o padre Simão a Aleteia, ainda transtornado com o episódio. Quando o homem entrou na fila da comunhão, ele não percebeu nada suspeito. Tudo foi muito rápido. “Ele pegou a hóstia, levantou e estraçalhou".
Assustado, o padre o puxou pela blusa, chamando-o. O homem disse algo que deu a ideia de que ele tinha feito aquilo por alguma pessoa. "O ato foi, portanto, pensado, premeditado”, disse o padre.
“Suas mãos estavam um pouco inchadas, com alguns ferimentos, como é o caso de pessoas que consomem drogas ou álcool em excesso. Mas ele estava plenamente consciente". Rapidamente o padre pediu aos fiéis que se afastassem para que ele pudesse ir buscar um recipiente para recolher a hóstia despedaçada. “Certifiquei-me de que o Corpo de Cristo não fosse ainda mais afetado do que já tinha sido".
“Profanar o Corpo de Cristo é muito mais grave do que o sacrilégio cometido contra uma estátua ou um roubo de imagem”, disse o padre. “É o ápice do que há de mais sério em termos litúrgicos e sacramentais. O Corpo de Cristo é o tesouro da Igreja".
Embora este início de ano tenha sido marcado por várias profanações de igrejas, padre Simão vê ali “ondas de ataques do diabo”, como tem havido ao longo da história. “Os poderes do mal avançam, é uma forma de testar a Igreja para que ela confie em Deus e lembre-se de que o diabo foi derrotado por Cristo. Esse homem que esmagou a hóstia estava sob a influência do diabo".
No final da missa, o padre Simon decidiu explicar às pessoas o que acabara de acontecer. “Para aqueles que não viram a cena, mas também para as crianças sentadas na primeira fila que viram tudo sem necessariamente entender o significado do que aconteceu”, afirmou o jovem padre.
Missa de reparação
Após a missa, o pároco, padre Arnaud Duban, colocou a hóstia na água para que ela dissolvesse. “Rezamos então uma oração e misturamos esta água com a terra”, disse o padre Simon.
“O Corpo de Cristo não se joga fora, mesmo partido em mil pedaços”, explica. Espiritualmente, uma missa de reparação aconteceu ontem, 19 de janeiro. “Aproveitaremos essa tragédia para ajudar os paroquianos e crianças que estiveram presentes a ter um senso correto da sacralidade do Corpo de Cristo", disse o padre.
Tendo em vista que essa profanação é grave, o sacerdote decidiu falar sobre o episódio imediatamente. “Fizemos a escolha de ser transparentes por vários motivos. O mal deve ser enfrentado face a face. Você tem que dar nome às coisas”, disse o padre.