O portal Irish Examiner publicou, no último dia 8 de janeiro, informações impactantes sobre a morte de padres no país: as paróquias da Irlanda perderam 21% do clero em 3 anos, contando-se padres e irmãos leigos. Prevê-se que os números, já preocupantes, continuem em tendência de alta.
O motivo principal dos altos índices de mortes de padres é a idade avançada do clero e não necessariamente a pandemia de covid-19: o cenário já se desenhava fazia anos. Em paralelo, a Irlanda sofre, também há anos, uma drástica redução do número de novas vocações sacerdotais, o que leva ao atual panorama de falta crescente de sacerdotes no país.
A ausência de sacerdotes na Irlanda é particularmente chamativa quando se recorda que a ilha foi um dos mais importantes berços de missionários da história da Igreja. Só entre os séculos V e VII, embora geograficamente pequeno, o país deu à Igreja mais de 350 santos, considerados frutos da semente de santidade plantada por São Patrício, o célebre padroeiro do povo irlandês.
O catolicismo se manteve como uma das mais relevantes características dos irlandeses até bem entrado o século XX, em cujo final teve início um rápido processo de secularização da população – em partes, potencializado pela revelação de escândalos de abusos sexuais que haviam sido longamente acobertados, tal como ocorreu em diversos outros países; mas também em decorrência de intenso ativismo ideológico laicista, impulsionado por políticas de governo. Este último fenômeno também se verifica em outras nações, como o Canadá.
Morte de padres e redução do clero na Irlanda
Dos 2.067 sacerdotes diocesanos que trabalhavam em paróquias do país em 2014, chegou-se ao final de 2018 com cerca de 1.800, um cenário que exigiu que padres aposentados, já muito idosos, colaborassem frequentemente para cobrir ausências de outros padres em casos de doença.
Só em 2019 morreram 166 padres e irmãos na Irlanda, um número elevado que subiu ainda mais em 2020, chegando a 223. Até o final de setembro de 2021, última data com os números consolidados, já tinham morrido mais 131 sacerdotes e irmãos.
Em todos os casos, é provável que os números sejam ainda maiores, pois nem sempre as paróquias e ordens religiosas computam os falecimentos nas estatísticas gerais da Igreja no país.
