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Por que vivemos fugindo da dor?

BRAIN

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Talita Rodrigues - publicado em 20/01/22

Nosso cérebro pode até criar mecanismos para nos ajudar a evitar o sofrimento. Mas a dor foi feita para ser sentida (e superada!)

Começo este texto, com o relato de uma paciente sobre uma dor que – segundo ela, nunca iria passar: 

“Faz um ano, que eu estava acabada, que eu sentia uma dor que parecia que não ia sair de mim. Faz um ano, que eu não me reconhecia, que nada estava bom, não existiam feixes de luz em nada, que minha vida era só dor e decepção, que eu acreditava que eu nunca iria sair deste lugar de dor. 

E hoje, um ano após todos estes sentimentos e emoções, eu percebi que passou. Eu percebi que muita coisa aconteceu, muita coisa mudou. Me sinto diferente, me sinto mais forte, me sinto mais percebida, me sinto mais reconhecida como aquilo que eu sou, sinto a verdade em minha essência. Me sinto recuperada, me sinto liberta, me sinto fora do poço.”

A dor é pessoal e intransferível

Eu não estou contanto esse relato aqui para te dizer que todas as tuas dores cessarão em um ano. Afinal, cada dor é particular e intransferível. Tem quem sinta dor e se afogue nela por muito tempo, tem quem sinta dor e vá trabalhando e aprendendo com ela. Tem quem evite e negue a dor, tem quem abraça a dor e parece que quer viver a vida inteira com ela. Tem quem se cura dela. Leva um certo tempo para que sua razão e o seu coração acolham a sua dor.

Estou contando esse relato para te dizer que cada dia é, sim, uma superação. O nosso cérebro tem a função de fazer com que funcionemos bem, e, por isso, também tem por natureza a imensa capacidade de criar mecanismos de defesa, para que não soframos e para que não sintamos dor. É uma forma de proteção inconsciente e é justamente por isso que vivemos fugindo da dor. 

A dor deve ser sentida

Porém, desconhecermos esse padrão ou conhecermos e mesmo assim seguir com ele pode ser prejudicial, pois a dor foi feita para ser sentida. Sem dor, não há lição e superação. 

Quando você reconhece esse padrão, o aceita, e busca lidar com ele, você se desprende dos mecanismos de defesa, e deixa doer. E você vai percebendo que, a cada dia, dói menos. A cada dia, você percebe que a dor vai cessando, você percebe que a dor vai cicatrizando, você percebe que a dor vai curando. E cada vez que você trabalha ressignificando os motivos de sua dor quando se livra dos mecanismos de defesa criados pelo seu próprio cérebro, você percebe que há vida além da dor que parece não passar.

E então, você percebe que já não dói mais. Percebe que a dor, passou um determinado período em seu coração para te ensinar a enxergar luz onde parecia haver só a escuridão. Percebe que a dor te ensinou a se respeitar, a conhecer os teus contornos e limites e a acreditar que pequenas superações diárias podem fazer a dor cessar. E então, além destas percepções, você  percebe ainda, que precisa de um pouco mais daquilo que você humanamente consegue enxergar. Você percebe que precisa acreditar e confiar no sobrenatural, acreditar e confiar  no que transcende o aqui e o agora. 

O papel da espiritualidade

Vale ressaltar que o papel da espiritualidade na vida de um indivíduo é extremamente importante para que a dor, a vida e as dificuldades ganhem sentido. Quando você exerce a espiritualidade, você sabe que há alguém que te abençoa o tempo inteiro, no secreto. E, por saber disso, você lida com as dores da vida de uma forma melhor e mais saudável. 

Portanto, sinta orgulho dos teus pequenos passos. Sinta orgulho de cada dor que parou de doer, das dores que estão cessando. De tuas pequenas superações, que te levam para a cura. Sinta orgulho quando, através da tua dor, você perceber que a vida e sua missão nesta terra é muito mais daquilo que você consegue enxergar. 

Sinta um tremendo orgulho quando você perceber que sua própria dor pode te salvar. 

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Tags:
PsicologiaSofrimento
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