Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sexta-feira 22 Setembro |
São Maurício, Exupério, Cândido, Vitor e companheiros
Aleteia logo
Estilo de vida
separateurCreated with Sketch.

“Não binarie”: certidões de nascimento no RJ usam “linguagem neutra”

Gênero "não binarie" em certidão de nascimento

Creative Commons

Francisco Vêneto - publicado em 02/02/22

Forma linguística, não reconhecida pela gramática, foi adotada em documento oficial após parceria entre Defensoria Pública e Tribunal de Justiça

Cerca de 50 certidões de nascimento foram recentemente adaptadas na cidade do Rio de Janeiro para incluir o rótulo ideológico “não binarie” no lugar dos sexos biológicos masculino ou feminino. É chamativamente paradoxal, no entanto, que o campo existente no documento para identificar o sexo do indivíduo seja explicitamente descrito como “sexo” e não como “gênero”, contradizendo a própria narrativa ideológica na qual se baseia esta novilíngua.

De fato, segundo as teorias de gênero, o sexo biológico não necessariamente condiria com a assim descrita “autopercepção de gênero”, que, de acordo com os seus ideólogos, poderia variar entre uma literalmente indefinida quantidade de rótulos como “demigênero”, “gênero fluído”, “neutrois” e dezenas de outros.

Da certidão de nascimento à CNH

A novidade implementada em um documento oficial se deve, segundo matéria do jornal local O Globo, a uma parceria entre a Defensoria Pública do Rio de Janeiro e a Justiça Itinerante do Tribunal de Justiça daquele Estado. Esta parceria facilitou o proferimento de sentenças favoráveis a pessoas que solicitavam a requalificação civil para “não binarie”.

Ainda de acordo com O Globo, a Defensoria Pública pretende mudar também as carteiras nacionais de habilitação para conduzir veículos (CNH): a matéria cita Mirela Assad, coordenadora de um núcleo da Defensoria, para quem “a diretoria do Detran se mostrou muito receptiva ao pleito”. Mirela opina, conforme a reportagem, que, “em breve, o sistema de identificação civil incluirá a opção ‘não binarie’”.

“Não binarie”

“Não binarie”, que no idioma português seria traduzido como “não binário”, é um exemplo de uso do que veio a ser chamado de “linguagem neutra”, um controverso jargão inventado e defendido por uma parcela dos ativistas da ideologia de gênero. De acordo com os defensores dessa ideologia e da sua derivação linguística, seria necessário tergiversar o idioma para fomentar a sensação de inclusão de pessoas que alegam não identificar-se com os sexos masculino ou feminino.

Os ativistas defensores da “linguagem neutra” alegam que os gêneros gramaticais masculino e feminino teriam teor sexista e deveriam ser substituídos por construções “não binárias”. Os artigos “a” e “o”, por exemplo, seriam trocados por alternativas inexistentes no idioma, como “e”, assim como os pronomes “ela” e “ele” seriam substituídos por artificialidades como “elu” ou “ile”; por sua vez, palavras como “todos” e “todas” seriam deformadas em versões como “todes” ou um impronunciável “todxs”.

Discordâncias e controvérsias

A opinião dos defensores dessa novilíngua parece distante do consenso da sociedade.

A professora de língua portuguesa Cíntia Chagas, por exemplo, declarou que a linguagem neutra empobrece o idioma e discrimina pessoas, contrariando o seu próprio objetivo alegado. De acordo com Cíntia, “a linguagem neutra exclui 43 milhões de disléxicos no Brasil. Impõe-se mais uma barreira a um público que já sofre com dificuldades de aprendizagem. Além disso, a linguagem neutra exclui uma maioria gritante, que é contra essa aberração linguística”.

Governos de Estados brasileiros como Santa Catarina, Rondônia e Mato Grosso do Sul já emitiram decretos vetando o uso desse dialeto em documentos oficiais.

A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou favorável à proibição com base em dois pareceres do Ministério da Educação (MEC). Em seu posicionamento, a AGU declarou que “as modificações referentes à linguagem neutra, por serem alheias ao uso corrente da língua, também são alheias ao cotidiano de crianças, jovens e adultos da sociedade brasileira em geral”.

Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) interpretou os decretos estaduais como inconstitucionais porque somente a União poderia legislar sobre o uso oficial da língua portuguesa no país. Ainda assim, a PGR esclareceu não ter a “pretensão de definir ou chegar a consensos sobre a necessidade, a viabilidade ou mesmo a vontade de tornar oficial a hoje denominada linguagem neutra”, mas sim determinar apenas a “delimitação de competências para tratar do tema”, que, a seu ver, não cabe aos governos estaduais.

Vários outros países, mesmo rotulados “liberais”, como a França, já restringiram esse mesmo tipo de intromissão ideológica na gramática.

“Revoluções culturais” ditatoriais

Os surtos de recatalogação e rotulação de tudo o que existe para se encaixar em visões ideológicas não tem nada de novo – e, contraditoriamente, costuma ser promovido de modo impositivo e agressivo por grupos que se dizem promotores da “tolerância” e da “inclusão”.

Por envolverem a tendência a transformar em regra arbitrária para toda a sociedade aquilo que é mero ponto de vista ou preferência de uma minoria, um risco real das “revoluções culturais” artificiais é o da censura a quem preserva visões da realidade incompatíveis com a “novidade” imposta.

A História da humanidade acumula abundantes exemplos de tentativas de destruição dos legados culturais que afrontam a versão artificial da realidade imposta pelos grupos “revolucionários”. Aberrações como os regimes de terror que se seguiram à Revolução Francesa ou à ascensão de fanáticos como os talibãs ou o Estado Islâmico, assim como os governos nazistas e fascistas ou as ditaduras comunistas que ainda persistem na China e na Coreia do Norte, entre muitos outros preocupantes precedentes, impuseram a sua “revolução cultural” cuja “tolerância” tratava (e trata) os dissidentes com o silenciamento – na maioria das vezes, irreversível.

Chegaremos a tanto com a “revolução cultural” da novilíngua de gênero? Não necessariamente. Mas é imperioso monitorar com objetividade as medidas que serão tomadas pelo Estado contra quem continuar a questioná-la.

Tags:
IdeologiaIdeologia de GêneroPolíticaSexualidadeSociedade
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia