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Nossa vida não nos pertence: o exemplo de Marthe Robin

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Staff/AFP

Hozana - publicado em 04/02/22

Tetraplégica e cega, ela viveu 52 anos na cama e se alimentava apenas da Sagrada Eucaristia

Ao longo da história da Igreja, Deus sempre suscitou homens e mulheres como luzeiros nos momentos mais difíceis. No último século, dentre tantos, Pe. Pio de Pietrelcina se destacou no momento em que muitos ou não queriam ser sacerdotes, ou abandonavam a batina. No final do século, São João Paulo II afirmou que a Igreja precisava de santos que usassem calça jeans e bebessem Coca-Cola. Deus, em resposta, nos dá Carlo Acutis, jovem cyber-apóstolo da Eucaristia (como ele se definiu). Como Pe. Pio, seu corpo está incorrupto. Então fui convidado, pela rede social de oração Hozana, a discorrer sobre Marthe Robin. Uma venerável que há pouco não conhecia.

Sou professor e tenho uma devoção particular a alguns santos, tais como Tereza D’Avila (padroeira dos professores) e Dom Bosco, educador por excelência. Conhecer Marthe não seria uma tarefa difícil (imaginei).

Após pesquisas bibliográficas, a decepção. Como falar de alguém que nasce em 1902 na França, morre em 1981 na mesma casa onde viveu, sem sair do lugar? Achei que seria como Santa Tereza, a desbravar o mundo e reformar os carmelos, ou São João Bosco a construir oratórios e escolas… 

Apesar de tudo, não poderia voltar atrás. Alguma coisa interessante eu encontraria numa mulher que teve febre tifoide por beber água contaminada, encefalite e paralisia total, inclusive se alimentando exclusivamente, por 52 anos, “apenas” da Sagrada Eucaristia. 

O sacerdote, qualquer que fosse, apenas precisava aproximar a Santa Hóstia dos lábios de Marthe e… a Hóstia entrava como que por si mesma na boca dela, sem ter de fazer qualquer movimento. O sacerdote chegava a sentir a Hóstia ‘escapando’ por si mesma de seus dedos, para desaparecer em seguida entre os lábios imóveis da privilegiada criatura que então também desaparecia do comércio dos vivos, abismando-se na mais profunda contemplação por dias inteiros.

Bebi da principal fonte de pesquisas teológicas: a oração. Pedi a Deus que me mostrasse o que discorrer sobre Marthe Robin. Então Ele me lembrou o texto sagrado: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Col 1,24).

Depois de muito meditar, percebi que Marthe trazia em si as palavras de São Paulo. Em 1928, durante uma missão pregada em sua paróquia, ela compreende claramente que é na doença, e através da doença, que é chamada a servir a Deus, unindo-se, incessantemente, ao mistério da Paixão do Senhor, pela salvação das almas.

A história de Marthe Robin

Em 1929 fica tetraplégica e passa a sofrer uma paralisia total das vias digestivas, de modo a não poder engolir alimento algum. E assim permanecerá até a sua morte, em 1981, ou seja, após 52 anos de martírio, pregada a uma cama, sofrendo silenciosamente, na mais inteira resignação à Santíssima Vontade de Deus. 52 anos de calvário e amor! Não bastasse isso, também ficou cega, e pelo resto da vida.

Marthe, em 1925, inspirada pelo exemplo de Santa Teresinha, oferece-se como vítima ao Amor Misericordioso.

Há poucos dias, contraí COVID. Era necessário e urgente isolar-me socialmente. Resolvi então, aproveitar deste pequeno sofrimento para me assemelhar um pouco ao exemplo de Marthe Robin. Não fiquei acamado como ela, mas o isolamento me trouxe novas reflexões. Sem ninguém por perto, aproximei-me um pouco mais de Deus, além de refletir um pouco melhor sobre sua vida.

Dentre tantos aspectos da vida de Marthe Robin, nota-se que ela é um exemplo a tantos acamados e entubados por conta da COVID. Não podia, por conta de sua doença incurável, alimentar-se ou mover-se. Também a COVID ainda não possui cura definitiva e podem deixar as pessoas imóveis por um certo període e muitas vezes com sequelas. Nos tempos atuais, Marthe é um modelo de vida a ser seguido, no seu resignar-se à vontade Divina.

A vida não nos pertence. É Marthe que nos ensina isso. Nossa vida pertence a Deus. É Marthe quem nos escreve em seu diário: “Os golpes inesperados, as dolorosas provas, os acidentes imprevistos são frequentemente ocasiões da graça. Na história das almas, não existem fatos pelo acaso, só tem grandes desenhos de uma Providência; o que é imprevisto para nós era desde sempre previsto por Deus” (12 de janeiro 1930)

Nossa Senhora apareceu-lhe com o livro o “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, de São Luis Maria de Montfort”, seu compatriota. Então ela decidiu se tornar escrava de Jesus em Maria. A Santa Virgem esteve sempre acompanhando Marthe, chegando até mesmo a cuidar dela. Marthe convive com Maria a quem chama “Mamãe querida”… Marthe Robin morreu sozinha em seu pequeno quarto, em 6 de fevereiro de 1981, próxima de completar 79 anos. 

Novena a Marthe Robin

Convido você a rezar com e a conhecer esta grande mulher que nos ensina a sempre confiar no amor e na misericórdia do Pai. Clique aqui e participe de 9 dias de oração com Marthe Robin e, junto com ela, peça a Deus a graça de reacender o amor que está morrendo no mundo.

Entreguemos a Ele nossos caminhos e peguemos emprestado dela a oração a Nossa Senhora e roguemos:

“Ó Mãe muito amada, Vós que conheceis tão bem os caminhos da Santidade e do Amor, ensinai-nos a erguermos frequentemente o nosso espírito e nosso coração para a Trindade, a fixar Nela nossa respeitosa e afetuosa atenção; e já que andais conosco no caminho da vida eterna, não fiqueis estranha aos pobres peregrinos que Vossa caridade tem a bondade de recolher; voltai para nós Vossos olhos misericordiosos, atraí-nos nas Vossas claridades, inundai-nos com Vossas doçuras, levai-nos na Luz e no Amor, levai-nos mais longe e muito alto nos esplendores dos céus. Que nada possa jamais perturbar nossa paz, nem nos tirar do pensamento de Deus; mas que cada minuto nos leve mais adiante nas profundezas do augusto Mistério, até o dia em que nossa alma, plenamente desabrochada nas iluminações da união divina, verá todas as coisas no Amor Eterno e na Unidade. Amém.” 

Wellington de Almeida Alkmin, pelo Hozana

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ComunhãoEucaristiaMártiresSantos
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