O padre Hans Zollner, especialista no combate aos abusos sexuais na Igreja, adverte:
“Existem criminosos entre nós. Por esta razão, ainda devem ser tomadas medidas para purificar a Igreja”.
O sacerdote jesuíta é presidente do Instituto de Antropologia, Estudos Interdisciplinares sobre Dignidade Humana e Cuidados às Pessoas Vulneráveis, da Pontifícia Universidade Gregoriana.
Comentando recentemente a publicação de um relatório sobre abusos ao longo de décadas na diocese alemã de Munique e Freising, ele reconhece que já está sendo feito muito trabalho em matéria de prevenção, principalmente na formação de sacerdotes, religiosos, catequistas e colaboradores, mas também admite:
“Devemos aprender a ser mais responsáveis”.
Ele considera que houve “ocultação e encobrimento de casos, omissões e indiferença por parte de hierarquias e funcionários diocesanos, que não tomaram as medidas exigidas pelo direito canônico”. Por isso mesmo, propõe:
“Após a publicação dessas investigações, devemos começar a ouvir as vítimas. E seria necessário mudar as relações de poder na Igreja, que deveriam ser mais partilhadas e menos autoritárias, e abertas ao escrutínio, com a possibilidade de serem julgadas por outros especialistas fora da esfera católica”.
Ao advertir sobre o fato de que “existem criminosos entre nós”, o jesuíta comenta que, em todas as regiões do mundo, há uma pequena porcentagem de padres que são abusadores. Ainda que seja pequena, continua sendo gravíssima, pois não deveria existir abusador nenhum. “Por esta razão, ainda devem ser tomadas medidas para purificar a Igreja”, enfatiza ele, que, falando ao jornal italiano La Stampa, desabafou:
“Estamos devastados com a magnitude dos números e com a continuação dessa violência ao longo de décadas”.