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11 de fevereiro de 2013: Bento XVI anuncia renúncia ao pontificado

Papa Bento XVI renuncia ao pontificado

Kristian Dowling | POOL | AFP

Francisco Vêneto - publicado em 11/02/22

"Um raio num céu azul": a expressão do cardeal Sodano resumiu a notícia que deixou o mundo de boca aberta

Era 11 de fevereiro de 2013, dia de Nossa Senhora de Lourdes. O Papa Bento XVI comunicava a um mundo estarrecido a sua histórica renúncia ao pontificado.

Cinco anos depois, em decorrência do aniversário de 91 anos do agora Papa Emérito, foi apresentado no Vaticano o documentário “Bento XVI, a hora da verdade”, que se propunha a esclarecer os motivos daquela decisão surpreendente – tão surpreendente que o cardeal Angelo Sodano, então Secretário de Estado do Vaticano, a resumiu como “um raio num céu azul“, ou “un fulmine in ciel sereno“, expressão que, em italiano, equivale a dizer que a notícia foi “uma bomba”.

Depoimentos sobre o motivo da renúncia

O documentário contou com a participação de pessoas muito próximas de Joseph Razinger, como o irmão dele, padre Georg, o padre Federico Lombardi, que tinha sido porta-voz da Santa Sé, e o então prefeito da Casa Pontifícia, dom Georg Gänswein, até hoje secretário pessoal de Bento XVI.

No tocante ao porquê da decisão pela renúncia ao pontificado, um momento decisivo do documentário é o depoimento de Stephan Horn, que havia sido assistente de Ratzinger na Universidade de Ratisbona: “O médico disse que ele não poderia viajar ao Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude [em 2013]. Portanto, seria melhor renunciar um pouco antes”.

De fato, o pe. Lombardi também ressalta o peso das limitações físicas e de saúde para a análise feita por Bento sobre as próprias possibilidades de continuar responsavelmente no exercício do pontificado. O porta-voz vaticano recordou a maratona diária de compromissos de um Papa, que, entre cerimônias litúrgicas, viagens apostólicas, longas e exaustivas reuniões sobre desafios complexos para a Igreja e para a humanidade, audiências com vastíssimo acompanhamento mundial, precisa empenhar esforços quase sobre-humanos – que, diante da perda natural das forças por causa da idade, podem tornar-se quase desumanos. Para o sacerdote jesuíta, é “evidente” que este foi o verdadeiro motivo da renúncia de Bento.

Outras versões, desmentidas pelo secretário

Na mesma linha, dom Georg Gänswein desmente categoricamente, no documentário, que o motivo da renúncia tenha sido o vazamento para a imprensa de documentos por parte do mordomo pontifício (o famoso caso “Vatileaks”) – por mais que essa traição tenha provocado um profundo sofrimento para o coração do Papa – ou o peso de ter que enfrentar e solucionar a crise provocada pelos casos de abusos sexuais perpetrados por pessoas da Igreja.

O documentário de 48 minutos foi produzido pela agência televisiva Rome Reports, em parceria com o canal TV2000, do episcopado italiano, e com a Fundação Vaticana Joseph Ratzinger, sob o patrocínio da Fundação Ramón Tallaj.

Durante a exibição de lançamento do documentário em 2018, dom Gänswein confirmou que o Papa Bento XVI mantinha a lucidez intelectual e reiterava o reconhecimento da própria debilitação física – estopim da decisão pela renúncia ao pontificado. Ao mesmo tempo, destacou a serenidade do Papa Emérito em sua vida de retiro na pequena comunidade do mosteiro Mater Ecclesiae, que o acolhe no Vaticano. Essas mesmas informações, felizmente, foram reforçadas também em anos seguintes.

A partir de artigo original de Silvia Costantini publicado por Aleteia em 2018

Tags:
Bento XVIHistória da IgrejaPapa
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