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Como conviver com quem crê em teorias da conspiração

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philippgehrke.de | Shutterstock

Zoe Romanowsky - publicado em 16/02/22

Mostrar respeito e compaixão pelos outros não significa que você tenha que concordar com as crenças deles

Aonde quer que se vá hoje em dia, você acaba encontrando alguém que acredita em teorias da conspiração.

Embora a solução moderna seja “cancelar” quem nos incomoda, isso não apenas promove mais divisão, mas destrói relacionamentos pessoais e não aborda o que é mais importante.

Definição

Uma teoria da conspiração é uma crença em que alguma organização secreta, mas influente, é responsável por uma circunstância ou uma tentativa de explicar eventos prejudiciais ou trágicos como resultado das ações de um pequeno grupo poderoso.

Embora essa pareça ser a definição básica, alguns a ampliam para enfatizar a noção de sigilo — que há um pequeno grupo de elite de pessoas em algum lugar a portas fechadas traçando algum tipo de mal e mantendo informações importantes longe de nós.

Nós tendemos a pensar que as teorias da conspiração são mais prevalentes agora do que no passado, mas esse não é o caso – as teorias da conspiração sempre prosperaram em tempos de crise, desastres naturais e agitação social.

Quando há ansiedade, incerteza e dificuldades generalizadas, conspirações são uma maneira pela qual os humanos tentam dar sentido ao mundo.

O rótulo é justo?

Hoje, o termo “teoria da conspiração” é usado para tudo, desde a ideia mais estranha que contraria todas as evidências (como a crença de que a terra é plana), até desentendimentos com autoridades ou especialistas sobre questões atuais ou políticas (como o uso de máscaras).

Então, podemos começar a conviver com nosso teórico da conspiração favorito examinando primeiro se ele ou ela realmente merece o rótulo. Discordar de políticas ou questionar informações, intenções ou soluções não necessariamente contribui para uma conspiração. Só porque você acha a visão de outra pessoa ilógica, estranha ou simplesmente errada, não a torna uma teórica da conspiração.

Mas há mais a ter em mente.

Amar as pessoas primeiro

De alguma forma, muitos de nós fomos atraídos a pensar que só podemos amar aqueles que concordam conosco, que mantêm nossas próprias crenças perfeitamente sãs. Mas quem escreveu essa regra? Por que só deveríamos ter relações com pessoas que pensam da maneira que pensamos? Isso certamente não está na cartilha cristã; nem é uma maneira enriquecedora de se viver.

As pessoas são mais do que suas ideias, crenças ou teorias. Sua tia é mais do que sua ideia conspiratória sobre alienígenas vivendo no centro da terra. Seu vizinho é mais do que sua crença em que o homem na verdade nunca teria ido à Lua. Tais crenças podem nos chocar ou nos angustiar, mas devemos amar as pessoas em primeiro lugar, não suas crenças.

Nossas relações com os outros melhoram, no entanto, quando mostramos interesse pelo que eles pensam – mesmo que suas crenças pareçam tolas e ainda que acabemos discordando fortemente deles.

Uma das melhores maneiras de amar alguém que defende ideias conspiratórias é ter um interesse genuíno pelo que eles se importam e olhar um pouco mais de perto.

E se da próxima vez que seu amigo(a) começar a compartilhar sua opinião você demonstrasse mais interesse? Poucos de nós dedicam um tempo para realmente entender — não queremos ouvir mais nada sobre ideias que achamos descabidas. Mas e se aprendêssemos algo novo — especialmente algo novo sobre a outra pessoa?

O que está por trás?

Ideias conspiratórias florescem quando há falta de confiança. E a confiança deve sempre ser conquistada. Há boas razões para desconfiar daqueles que exercem poder, autoridade e têm grandes somas de dinheiro — esses indivíduos e grupos nem sempre tiveram os melhores interesses dos outros em mente.

A história nos ensina muito sobre isso. Há muitas razões pelas quais alguém pode não confiar em pessoas e informações que para nós parecem credíveis, então o tópico da confiança é bom para discussão. (Por que seu amigo confia nisso e não naquilo? E você?)

As pessoas são muitas vezes atraídas por teorias da conspiração por causa da necessidade de compreensão e senso de controle. Um elemento adicional para algumas pessoas é a necessidade de se sentir “sabendo”. Elas gostam de acreditar que têm acesso a informações que os outros não têm.

Mas dependendo da pessoa, situação ou crença, falar sobre uma teoria da conspiração simplesmente pode não chegar a lugar nenhum.

De qualquer forma, um pouco de humildade ajuda muito. Talvez você não tenha tudo 100% certo, e talvez seu amigo conspirador não tenha 100% tudo errado.

Na raiz da maioria das crenças que carecem de evidências está o medo, e todos nós podemos ser compassivos com isso — e honestos sobre nossos próprios medos.

Então, da próxima vez que você estiver ouvindo a teoria descabida de um ente querido, pegue uma xícara de chá, puxe uma cadeira, respire fundo e faça algumas perguntas abertas.

E se a conversa não der em nada, ou você simplesmente não conseguir avançar, mude de assunto e concentre-se em outra coisa.

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