"É o amor da minha vida", afirma o pai, que resume de onde está tirando forças: "Só Deus"
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Paulo Roberto de Oliveira tem 40 anos de idade e procura o corpo do filho há 3 dias em Petrópolis: “Quero dar um enterro digno”, afirmou ele a repórteres da BBC Brasil nesta quinta-feira, 17 de fevereiro, acrescentando: “Só saio daqui quando encontrá-lo”.
O filho de Paulo Roberto, que tinha 18 anos, estava na casa da avó, também desaparecida sob os destroços.
A casa se localizava na parte inferior do morro que colapsou em decorrência das chuvas mais intensas que já atingiram a região desde que começaram as medições pluviométrica locais, em 1932. Para se ter uma ideia, o recorde histórico de chuva na região era de 168,2 milímetros, registrado em 20 de agosto de 1952. Nesta terça-feira, 15 de fevereiro, choveu em Petrópolis um extraordinário volume de 259,8 milímetros em 24 horas, rompendo por margem descomunal quaisquer recordes anteriores, conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
No meio dos escombros e da lama provocados pelo deslizamento do Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, enquanto procura o corpo do filho para lhe dar um digno sepultamento, Paulo Roberto chora não só as perdas dramáticas na própria família, mas também nas de amigos, conhecidos e mesmo desconhecidos. Ele contou que chegou a encontrar, na lama, horrorizado, uma perna humana que havia descido morro abaixo entre destroços de móveis e eletrodomésticos que já pertenceram a outras famílias destruídas pelo mesmo sofrimento.
Uma segunda tragédia – anunciada
Não é a primeira tragédia que Paulo Roberto vive na cidade onde nasceu e cresceu.
Em janeiro de 2011, outra catástrofe provocada por fortes chuvas arrasou diversas cidades da mesma região serrana do Rio de Janeiro, constituindo o maior desastre natural de toda a história do Brasil em termos de perdas humanas: foram 918 mortes confirmadas e 99 pessoas desaparecidas que nunca mais foram encontradas, o que leva a um total estarrecedor de mais de mil vidas perdidas.
Na ocasião, Paulo Roberto e a família perderam a casa e foram levados para centros de acolhimento – “Só não perdemos a vida”, resume ele.
O poder público interditou na época 110 casas do seu bairro, mas, com o passar do tempo, diante da inércia do mesmo poder público, a ocupação irregular voltou a se instalar nas mesmas áreas de risco. “A prefeitura está esperando morrer mais gente para fazer alguma coisa”, denuncia Paulo Roberto em suas declarações à BBC.
Os repórteres, aliás, lhe perguntaram de onde está tirando forças neste momento de dor imensurável. A resposta é direta: “Só Deus”.
O pai que procura o corpo do filho de 18 anos entre os destroços de mais uma tragédia anunciada finaliza:
“Minha esperança é encontrar meu filho para dar um enterro digno a ele. É o amor da minha vida”.
Desde as primeiras horas da tragédia, a Igreja Católica está mobilizada para prestar socorro às pessoas atingidas. Veja como ajudar: