Na chegada ao Brasil eles narraram as dificuldades para fugir da guerra e disseram que nunca perderam a fé e a esperança
Choro, abraços apertados e sentimentos de alívio e gratidão marcaram o reencontro emocionante dos jogadores de futebol brasileiros que estavam na Ucrânia com as famílias no Brasil.
Nesta terça-feira, 1 de março, o avião trazendo cerca de 40 pessoas – entre atletas, profissionais e familiares deles – chegou ao Aeroporto Internacional de São Paulo.
Já no desembarque, eles narraram os momentos de tensão que viveram na Ucrânia desde que a guerra começou.
“Bombas e aviões passando. Tudo isso vai ficar marcado”, afirmou Pedrinho, meio-campo Shakhtar Donetsk, que fugiu com a mulher e a filhinha de quatro meses de idade.
A fuga da guerra
O grupo estava abrigado no bunker de um hotel, em Kiev. Eles deixaram o local e foram até uma estação, onde pegaram um trem para Chernivtsi, no oeste da Ucrânia. De lá, tomaram outro tem para a Romênia, de onde embarcaram para o Brasil. Foram viagens de mais de um dia de duração e longas caminhadas a pé. Um trajeto marcado pelo pânico e pelo medo.

“O maior momento de tensão foi nossa saída do hotel para estação. Sirenes de ataque aéreo, barulhos de metralhadora. A gente não sabia se ia chegar ou não na estação para poder fazer a viagem e sair da Ucrânia”, contou o fisioterapeuta Luciano Rosa.
“Depois de uns dias ficou difícil, porque acabou o leite. Os supermercados não tinham mais nada e as crianças estavam com fome. Mas todo mundo se ajudou e na primeira oportunidade que a gente teve, a gente conseguiu sair”, explicou o lateral Dodô, também do time ucraniano Shakhtar.
No caminho, o alimento era escasso.
“As crianças, graças a Deus não passaram fome. Eu peguei duas maçãs e meus filhos comeram. No momento em que eu vi o caroço da maçã eu disse: ‘É agora que eu vou matar a minha fome’. Eu não me importava com a minha vida. Eu só queria que os meus filhos saíssem daquela situação”, revelou Lyarah Barberan, esposa do volante Maycon Andrade.
Fé e esperança
Apesar do medo, a fé e a esperança moveram o grupo durante a fuga da guerra.
“Eu tive muita fé de que eu ia conseguir. Não só eu, mas todo o grupo”, explicou Maycon Andrade, volante do Shakhtar.
Já o atleta Pedrinho afirmou que, algumas vezes, o medo até tentou falar mais alto que a fé. “Em alguns momentos a gente achava que não ia conseguir. Mas Deus sempre tem um plano para nós. Nós mantivemos a calma e, graças a Deus, conseguimos chegar aqui com vida”, declarou.
Na chegada à terra natal, além do alívio, os atletas puderam, mais uma vez, confirmar que a paz, a segurança e a proteção da família estão entre as maiores graças que Deus pode nos conceder.