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Papa: atenção à pressa, velocidade excessiva pulveriza a vida

Pope Francis meets with Latifa Ibn Ziaten

Antoine Mekary | ALETEIA

Reportagem local - publicado em 03/03/22

"A cada um de vós pergunto: sabeis perder tempo, ou estais sempre pressionados pela velocidade?"

O Papa Francisco convidou os fiéis a converterem “a prepotência do tempo, que nos apressa sempre, aos ritmos próprios da vida”.

Nesse sentido, ele afirmou que a aliança das gerações é indispensável.

“Numa sociedade onde os idosos não falam com os jovens, os jovens não falam com os idosos, os adultos não falam com os idosos nem com os jovens, é uma sociedade estéril, sem futuro, uma sociedade que não olha para o horizonte, mas para si mesma. E torna-se sozinha”, disse o Santo Padre, em sua catequese semanal (2 de março de 2022).

Excesso de velocidade

De acordo com o Papa Francisco, o excesso de velocidade, que agora obceca todas as fases da nossa vida, torna cada experiência mais superficial e menos “nutriente”.

Os jovens são vítimas inconscientes desta divisão entre o tempo do relógio, que quer ser queimado, e os tempos da vida, que requer um “fermento” adequado. Uma vida longa permite experimentar estes longos tempos, e os danos da pressa.

A velhice certamente impõe ritmos mais lentos: mas não são apenas tempos de inércia. De facto, a medida destes ritmos abre, para todos, espaços de significado na vida desconhecidos a obsessão da velocidade. A perda de contacto com os ritmos lentos da velhice fecha estes espaços a todos.

Foi neste contexto que quis instituir a festa dos avós no último domingo de julho. A aliança entre as duas gerações extremas da vida – crianças e idosos – também ajuda as outras duas – jovens e adultos – a criar laços entre si para tornar a existência de todos mais rica em humanidade.

Diálogo entre jovens e idosos

Nesse sentido, o Papa afirmou que se não houver diálogo entre jovens e idosos, cada geração permanece isolada e não pode transmitir a mensagem.

Um jovem que não está ligado às suas raízes, que são os seus avós, não recebe força – como a árvore vai buscar a força às suas raízes – e cresce mal, fica doente, cresce sem referências. Por isso é necessário procurar o diálogo entre gerações, como uma necessidade humana. E este diálogo é importante precisamente entre avós e netos, que são os dois extremos.

O Papa advertiu que a cidade moderna “tende a ser hostil com os idosos (e não por acaso também com as crianças)”.

Esta sociedade, que tem o espírito do descarte e descarta muitas crianças não desejadas, descarta os idosos: descarta-os, não servem, pondo-os em casas para idosos, internados… O excesso de velocidade coloca-nos numa centrifugadora que nos varre como confetes. Perdemos completamente de vista o panorama geral. Todos se agarram ao seu pedacinho, flutuando sobre os fluxos da cidade-mercado, para a qual ritmos lentos são perdas e velocidade é dinheiro. A velocidade excessiva pulveriza a vida, não a torna mais intensa. E a sabedoria requer “perda de tempo”.

Quando voltas para casa e entreténs com o teu filho, com a tua filha e “perdes tempo”, este diálogo é fundamental para a sociedade. E quando voltas para casa e está lá o avô ou a avó que talvez já não raciocine bem ou, não sei, tenha perdido um pouco a capacidade de falar, e tu ficas com ele ou com ela, “perdes tempo”, mas este “perder tempo” fortalece a família humana. É necessário dedicar tempo – um tempo que não é rentável – com as crianças e com os idosos, pois eles dão-nos outra capacidade de ver a vida.

Sabeis perder tempo?

Então o Papa fez uma pergunta aos peregrinos:

A cada um de vós pergunto: sabeis perder tempo, ou estais sempre pressionados pela velocidade? “Não, estou com pressa, não posso…”? Sabeis perder tempo com os avós, com os idosos? Sabeis perder tempo a brincar com os vossos filhos, com as crianças? Este é o termo de comparação. Pensai nisto. E isto restitui a cada um o amor pela nossa vida vulnerável – como disse – impedindo o caminho para a obsessão da velocidade, que simplesmente a consome.

Os ritmos da velhice são um recurso indispensável para apreender o significado da vida marcada pelo tempo. Os idosos têm os seus ritmos, mas são ritmos que nos ajudam. Graças a esta mediação, o destino da vida ao encontro com Deus torna-se mais credível: um desígnio que se esconde na criação do ser humano “à sua imagem e semelhança” e que é selado no Filho de Deus que se fez homem.

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