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Papa Francisco sem panos quentes: “Não é operação militar especial: é guerra!”

PAPA FRANCISCO

Antoine Mekary | ALETEIA | I.Media

Francisco Vêneto - publicado em 07/03/22

O Papa contestou a versão da Rússia de que a guerra contra a Ucrânia não seja uma guerra

“Operação militar especial” é o desconcertante termo eufemístico imposto pelo governo de Vladimir Putin às narrativas oficiais da Rússia para referir-se à guerra que o seu exército está promovendo em território da Ucrânia.

O governo russo vem ameaçando e prendendo seus próprios cidadãos que protestam contra a guerra. Só neste domingo foram cerca de 4 mil prisões de manifestantes. População, imprensa e, obviamente, quaisquer membros de qualquer esfera do governo russo estão explicitamente proibidos de usar o termo “guerra” para descrever o que está sendo perpetrado na Ucrânia, sob pena de até 15 anos de cadeia pelo alegado crime de propagar “fake news” caso chamem a guerra daquilo que ela é.

A postura de Vladimir Putin exemplifica de modo retumbante o que é um governo autoritário, ainda que supostamente democático e eleito pela população, e quais são as consequências da intervenção estatal no controle da mídia, ainda que alegadamente “justificada” pela desculpa de “combater fake news”.

As ameaças de Putin contra quem questiona a sua assim descrita “operação militar especial”, no entanto, não calaram o Papa Francisco.

“Trata-se de guerra”

Em sua tradicional alocução do Ângelus neste I Domingo da Quaresma, 6 de março, o pontífice afirmou sem panos quentes que a guerra da Rússia contra a Ucrânia não é apenas uma “operação militar especial”, mas sim uma “guerra” de fato, com todo o horror que este fato significa para a população.

“Correm rios de sangue e lágrimas na Ucrânia. Não se trata apenas de uma operação militar, mas de guerra, que semeia morte, destruição e miséria. As vítimas são cada vez mais numerosas, assim como as pessoas que fogem, especialmente mães e crianças. A necessidade de assistência humanitária neste país atormentado está crescendo dramaticamente a cada hora”.

Como medida concreta e urgente de assistência, Francisco reforçou o pedido de que sejam criados e respeitados corredores humanitários nas áreas em conflito, assim como acesso facilitado de ajudas à população que está nessas regiões.

Reconhecimentos

O Papa fez questão de agradecer ainda a todas as pessoas que estão empenhadas em ajudar e acolher os refugiados de guerra:

“Agradeço a todos aqueles que estão acolhendo refugiados. Acima de tudo, imploro que os ataques armados cessem e que prevaleçam a negociação e o bom senso. E um retorno ao respeito ao direito internacional”.

Francisco fez menção especial também aos jornalistas, voltando a afirmar que eles estão cobrindo uma guerra e não apenas uma operação militar:

“Gostaria de agradecer às jornalistas e aos jornalistas que colocam sua vida em risco para garantir a informação: obrigado, irmãos e irmãs, pelo seu serviço! Um serviço que nos permite estar perto da tragédia daquela população e nos permite avaliar a crueldade de uma guerra. Obrigado, irmãos e irmãs”.

Durante o Ângelus, o Papa observou a presença de bandeiras ucranianas entre o público na Praça de São Pedro e rezou com os fiéis uma Ave-Maria dedicada a “Nossa Senhora Rainha da Ucrânia’.

Ações concretas da Igreja pela paz

Ao encerrar sua alocução, Francisco reafirmou que a Santa Sé está disposta a empregar seu máximo empenho pela obtenção da paz. O próprio Papa, de fato, já foi pessoalmente até a embaixada da Rússia perante o Vaticano para interceder pelo fim da guerra. Ele também se prontificou a ser o mediador entre as partes para ajudá-las a estabelecer o cessar-fogo e a retomada de negociações diplomáticas. Neste domingo, Francisco informou que enviou dois cardeais à Ucrânia para facilitar as ajudas da Igreja ao povo local.

“A Santa Sé está pronta para fazer tudo, para colocar-se a serviço desta paz. Nestes dias, dois cardeais foram à Ucrânia para servir ao povo, para ajudar. O cardeal Krajewski, esmoleiro, para levar ajuda aos necessitados, e o cardeal Czerny, prefeito [interino] do Dicastério [para o Serviço] do Desenvolvimento Humano Integral. Esta presença dos dois cardeais ali é a presença não só do Papa, mas de todo o povo cristão que quer se aproximar e dizer: ‘A guerra é uma loucura! Parem, por favor! Vejam esta crueldade'”.

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