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6 fatos cruciais sobre a consagração da Rússia e da Ucrânia a Maria

Consagração da Rússia

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Francisco Vêneto - publicado em 18/03/22

A consagração da Rússia já não tinha sido feita? O que significa esta nova consagração?

O Papa Francisco anunciou recentemente que, no próximo dia 25 de março, consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria.

Destacamos a seguir 6 informações de alta relevância para compreender melhor o significado deste ato:

1 – Qual é o motivo desta consagração?

O principal motivo é que a própria Santíssima Virgem, nas suas aparições de 1917 aos três pastorinhos de Fátima, em Portugal, pediu expressamente que a Rússia fosse consagrada ao seu Imaculado Coração.

Durante as aparições, Nossa Senhora revelou um segredo em três partes, sendo que a segunda parte anunciava o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mas avisava que outra começaria durante o pontificado de Pio XI caso a humanidade continuasse ofendendo a Deus e caso a Rússia não fosse consagrada ao seu Imaculado Coração.

De acordo com a irmã Lúcia dos Santos, que na época era uma das três crianças videntes de Fátima e que hoje está em processo de beatificação, Nossa Senhora afirmou:

“Virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se os meus pedidos forem ouvidos, a Rússia se converterá e haverá paz; se não, ela irá espalhar os seus erros pelo mundo, causando guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados; o Santo Padre vai ter muito que sofrer; várias nações serão destruídas. No fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre vai consagrar a Rússia a mim e ela se converterá, e um período de paz será concedido ao mundo”.

Vale recordar que o Imaculado Coração de Maria é uma devoção que representa a própria Nossa Senhora, assim como o Sagrado Coração de Jesus simboliza Jesus por inteiro. Os fundamentos dessa devoção começaram a ser apresentados por São Bernardo de Claraval, mas a devoção atual foi consolidada e divulgada por São João Eudes, sacerdote francês do século XVII, com aprovação pontifícia no início do século XIX. A festa entrou no Calendário Geral Romano em 1944, fixada em 22 de agosto, oitava da Assunção de Maria. O Imaculado Coração costuma ser representado com sete feridas, transpassado por uma espada que simboliza as sete dores de Nossa Senhora.

2 – A consagração da Rússia já não foi realizada?

Perduram entre alguns grupos de católicos algumas interpretações de que a consagração da Rússia ao Imaculado Coração ainda não teria sido consumada, de modo explícito e formal, de acordo com o pedido de Nossa Senhora.

De fato, após as aparições de Fátima, já houve ao menos 7 atos de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, realizados pelos Papas. Foram eles:

  • 31 de outubro de 1942: Pio XII faz uma consagração do mundo inteiro ao Imaculado Coração de Maria.
  • 7 de julho de 1952: Pio XII consagra os povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, em sua carta apostólica Sacro Vergente Anno: “Tal como alguns anos atrás consagramos a humanidade inteira ao Imaculado Coração da Virgem Maria, Mãe de Deus, também hoje a consagramos e de forma especial confiamos todos os povos da Rússia a este Imaculado Coração”.
  • 21 de novembro de 1964: Paulo VI renova a consagração da Rússia ao Imaculado Coração, na presença dos Padres do Concílio Vaticano, mas sem a participação deles.
  • 13 de maio de 1982: São João Paulo II convida os bispos do mundo a se unirem a ele para consagrar o mundo e, com ele, a Rússia ao Imaculado Coração. Muitos não receberam o convite a tempo da viagem do Papa a Fátima, onde ele fez a consagração. A irmã Lúcia diz, mais tarde, que as condições não foram cumpridas.
  • Outubro de 1983: durante o Sínodo dos Bispos, São João Paulo II renova a consagração de 1982.
  • 25 de março de 1984: São João Paulo II, “unido a todos os pastores da Igreja por um vínculo especial sob o qual eles constituem um corpo e um colégio”, consagra “o mundo inteiro, especialmente as pessoas cuja situação vos leva a ter por elas um amor e solicitude particulares”. Em correspondência de 29 de agosto de 1989, a Irmã Lúcia afirma que a consagração da Rússia “foi feita” e que “Deus manterá a Sua palavra”. De fato, subseguem-se eventos significativos, como a queda do Muro de Berlim (9 de novembro de 1989) e a dissolução da União Soviética (25 de dezembro de 1991).
  • 13 de outubro de 2013: o Papa Francisco consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria.

3 – Qual desses atos de consagração da Rússia foi válido?

Válidos foram todos, mas as pessoas que ainda divergem sobre a consagração da Rússia sustentam que nenhum desses atos seguiu à risca as instruções de Nossa Senhora nas aparições em Fátima, de modo que, segundo essa opinião, ainda seria preciso realizar de modo explícito, exclusivo e solene uma consagração específica da Rússia, e não do mundo inteiro ou “misturada” com a consagração de outros povos.

No entanto, a própria Irmã Lúcia afirmou, mediante uma carta escrita em 1989, que o Papa São João Paulo II satisfez o pedido de Nossa Senhora para a consagração da Rússia em 1984. Naquela época, Ucrânia e Rússia eram duas das 15 repúblicas que formavam a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Outras autoridades da Igreja, incluída a Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, também afirmaram que esta consagração satisfez os requisitos.

4 – Quais são as alegações de quem afirma que a Rússia ainda não foi consagrada?

Quem contesta que a Rússia tenha sido validamente consagrada enfatiza que:

  • Os Papas consagraram o mundo, mas não especificamente a Rússia, e tampouco em união com todos os bispos.
  • A Rússia não se converteu, o que Maria prometeu que aconteceria caso a consagração fosse feita.

5 – Quais são os argumentos de quem afirma que a Rússia foi, sim, consagrada?

Quem considera que a consagração está feita e é válida observa que:

  • A própria Irmã Lúcia, que foi quem recebeu a mensagem de Maria, declarou que a consagração da Rússia foi feita pelo Papa João Paulo II em 25 de março de 1984, acrescentando que “Deus manterá a Sua palavra“.
  • Em 26 de junho de 2000, a Santa Sé revelou o terceiro segredo de Fátima e afirmou que a consagração estava feita. A revelação foi feita pelos cardeais Bertone e Ratzinger – e Ratzinger viria a ser eleito Papa como Bento XVI.

Quanto à conversão da Rússia, é verdade que este fruto ainda é um fato amplamente questionável, mas também é verdade que existe por parte de todos os católicos a responsabilidade de rezar o terço todos os dias e manter a devoção dos 5 primeiros sábados. Ao fazerem parte de um mesmo pedido de Nossa Senhora, a consagração da Rússia e as nossas responsabilidades de oração, devoção e conversão pessoal parecem ter um vínculo direto com a promessa de conversão da Rússia e de um período de paz no mundo.

6 – Por que o Papa Francisco vai consagrar a Rússia e a Ucrânia em 25 de março de 2022?

Os bispos católicos de rito latino da Ucrânia pediram que o Papa Francisco realizasse esta consagração devido à presente invasão russa ao território ucraniano. Em carta de 2 de março, eles solicitaram que o pontífice “realize publicamente um ato de consagração da Ucrânia e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, como a Santíssima Virgem solicitou em Fátima”.

O pedido foi prontamente acatado e o Papa Francisco determinou que a consagração será feita no próximo dia 25 de março, festa da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Trata-se de uma data litúrgica, aliás, que São Luís Maria Grignion de Monfort recomendou como especial para quem deseja realizar sua consagração pessoal a Maria.

De fato, 25 de março foi a data escolhida pelo Papa São João Paulo II para fazer a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria em 1984.

E por que consagrar um país tantas vezes? Se a consagração já foi feita, não basta uma?

É preciso entender que a palavra “consagração” quer dizer reservar alguém ou algo para um propósito sagrado. A Congregação para o Culto Divino descreve a consagração a Nossa Senhora, por exemplo, como um “reconhecimento consciente do lugar singular que Maria de Nazaré ocupa no Mistério de Cristo e da Igreja, do valor exemplar e universal do seu testemunho evangélico, da confiança na sua intercessão e da eficácia do seu patrocínio”. Esse ato, portanto, não tem limite de vezes para ser realizado, renovado, reforçado. Só o Papa São João Paulo II, de fato, consagrou o mundo a Maria três vezes durante o seu pontificado.

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