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A estátua da menina que virou símbolo de um massacre na Ucrânia

HOLODOMOR

Shutterstock | Drop of Light

Maria Paola Daud - publicado em 18/03/22

O massacre aconteceu entre 1932-1933. Foi provocado por Stalin, e os ucranianos não podem esquecê-lo. Muito menos agora, com a invasão russa

Na entrada do Parque da Glória Eterna, em Kiev, um parque memorial da Ucrânia, encontramos uma estátua de uma menina que causa muita tristeza – e conhecer a história da tristeza leva à indignação.

Ela é uma menina muito delicada, magrinha, com um olhar triste e perdido. Em suas mãos, segura alguns cachos de trigo.

HOLODOMOR

A estátua é um memorial do Holodomor, palavra que vem da expressão ucraniana moryty holodom, que significa “morte por fome”.

De fato, o Holodomor foi o “Holocausto da Ucrânia”, o período entre 1931 e 1933, em que parte da população morria de fome por causa da política econômica de Stalin.

Não há dados certos, mas acredita-se que entre sete e dez milhões de pessoas morreram de inanição neste período.

O pico foi a primavera de 1933, quando 17 ucranianos morriam de fome a cada minuto.

“É difícil imaginar como uma criança pode continuar vivendo sem enlouquecer depois de ver isso. Eu estava caminhando para a escola, e aqui uma pessoa morta, mais adiante outra, um pouco mais adiante outra”, relembrou uma das sobreviventes do Holodomor.

O Parque da Glória Eterna

Em 1957, foi inaugurado o parque “Glória Eterna”, e dentro dele foi fundado o Museu Nacional em memória das vítimas do Holodomor.

Shutterstock | paparazzza

Um parque que até recentemente era muito visitado por turistas, onde todos se reuniam para passear e passar algum tempo ao ar livre, sem preocupações.

Era também um parque para recordar… porque todo ucraniano tem alguém na família que morreu naquele período tenebroso.

Hoje podemos ver, através da mídia, a fuga de proporções bíblicas de milhares de mulheres, crianças e idosos que fogem de seu país em guerra.

E ainda perguntam: “por que fogem?” 

Por que eles fogem? É que a memória lhes ensinou muita coisa, a memória ensinou muito aos ucranianos.

Neste momento, penso neste parque. Certamente, estará mais silencioso do que nunca, com a interrupção das sirenes que anunciam o barulho aterrorizante e devastador de uma nova bomba que estoura do céu.

Começo a refletir sobre a estátua daquela menina no meio do parque, e em meus pensamentos pergunto a ela: “Depois de tudo isso, que outra escultura te acompanhará, menina do olhar triste?”

Tags:
comunismoGuerraUcrânia
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