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Pe. Zezinho alerta sobre “devoções estritamente pessoais”: muitas “morreram no nascedouro”

AGROPOL

Alfredo Lo Brutto / Facebook

Reportagem local - publicado em 20/03/22

Ele cita exemplos: Nossa Senhora do Marrom Glacê, das Nascentes, do Desfiladeiro, do Tronco, da Cachoeira…

O pe. Zezinho publicou em sua rede social um alerta sobre o que chama de “devoções estritamente pessoais”, citando diversos casos em que a devoção se espalhou e outros em que “tudo morreu no nascedouro”.

Eis o que ele escreveu:

“Se você nunca ouviu falar, elas existem e são muitas. Uma pessoa, um grupo, um movimento, uma corrente de espiritualidade sentiu-se motivada ou beneficiada por determinada oração ou um determinado evento que viu com milagre e começou a divulgar. Pés dilacerados, ombros feridos, Santas Chagas do Cristo, Mãos Chagadas de Jesus… Alguém acha que é um jeito puro de lembrar algum sofrimento ou vitoria de Jesus e muitos seguidores assumem aquele jeito de orar.

Em alguns casos a devoção se espalhou; e, em outros, tudo morreu no nascedouro. Nossa Senhora da Espada, Nossa Senhora do Marrom Glacê, Nossa Senhora do Último Recurso, Nossa Senhora do Café, Nossa Senhora das Nascentes, Nossa Senhora do Desfiladeiro, Nossa Senhora dos Noivos, Nossa Senhora das Mães Viúvas, Nossa Senhora do Serrado, Nossa Senhora dos Náufragos, Nossa Senhora da Cachoeira.

Alguém foi salvo ali e alguém ergue uma imagem, uma cruz ou uma ermida. É interminável a lista dos que criaram uma devoção à Mãe de Jesus depois de um acontecimento que marcou alguma família ou uma região. Isto nasce de gratidão, e quem criou não consulta se pode ou não. Afinal, é devoção pessoal!”

O padre relatou então uma experiência pessoal:

“Vi isto há muitos anos num fenômeno que para os locais foi milagre. Um raio caiu num pátio e cortou uma sibipiruna de tal maneira que, no toco, ficou desenhada uma imagem que parecia Nossa Senhora. Como aconteceu enquanto duas crianças brincavam e escaparam ilesas, começou a devoção a Nossa Senhora do Tronco.

Pediram que eu fosse lá abençoar o local. Como eu não fazia parte daquela diocese, recomendei que fossem ao bispo. O bispo não foi. Nenhum padre foi. Mas um padre de fora foi! Já perceberam que sempre há um padre que passa por cima da doutrina, da teologia e da autoridade local. A devoção morreu ali mesmo. Pelo que eu saiba, só dez ou vinte pessoas ainda veneram o milagre de Nossa Senhora do Tronco. Porém, a família das crianças, hoje adultas, sempre ora naquele dia pelo milagre que, para pai e mãe e avós, é devoção estritamente pessoal!

O outro bispo aceitou que destruíssem o tronco e usassem um pedaço dele para fazer um pequeno oratório familiar. A família nunca divulgou isto. É devoção daquela família. Isto faz sentido. O padre desobediente nunca mais voltou lá. A devoção não colou!”

Distinguindo sobre a natureza das devoções estritamente pessoais, o pe. Zezinho finalizou:

“Muitas devoções, porém, começam em casa e na rua. Se a devoção se propaga, criam uma oração e um terço. E, se há fenômenos dignos de estudos, a Igreja permite tais estudos. Tudo deve ser discreto, porque, na maioria dos casos, tudo termina ali mesmo. Sobretudo quando não há um vidente, um padre ou um grupo de leigos a divulgar o fenômeno pela mídia…

O povo? O povo procura sinais! Sempre foi assim! Cabe aos bispos apoiar ou desaprovar. Os bispos têm cultura e teologia suficiente para saber se são sinais que ajudam a crer ou que apenas propagam crendices. A propósito, as sandálias luminosas achadas num riacho da montanha não eram de Nossa Senhora da Cachoeira! Aquela devoção não prosperou. Na imagem de água alguém viu um sinal do céu! Queria ver e viu…”

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DevoçãoIgrejaNossa Senhora
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