Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sábado 20 Abril |
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

8.750 cestas básicas enviadas pela União a Petrópolis estão trancadas num galpão há um mês

PETROPOLIS

@PMERJ

Francisco Vêneto - publicado em 23/03/22

Por que as más gestões públicas insistem em agravar tragédias antes, durante e depois?

A rede CNN Brasil divulgou nesta terça-feira, 22 de março, que 8.750 cestas básicas enviadas pelo governo federal à cidade de Petrópolis ficaram trancadas num galpão e lá permanecem há um mês, em vez de serem recolhidas pela prefeitura e entregues à população atingida pelos violentos temporais que devastaram áreas inteiras do município em 15 de fevereiro.

Neste dia 20 de março, um novo temporal causou mais destruição e matou mais 5 pessoas, além de deixar 3 desaparecidas. Somados, os dois desastres têm o trágico saldo de 233 mortos e 620 desabrigados – um número que superou 1.200 mil no auge da tragédia.

8.750 cestas básicas deixadas num galpão

As 8.750 cestas básicas enviadas a Petrópolis pelo Ministério da Cidadania estão há um mês armazenadas num galpão na Baixada Fluminense, à espera da prefeitura petropolitana para recolhimento e distribuição aos moradores necessitados.

O ministério as havia disponibilizado a pedido do próprio prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB). A autorização para o repasse das cestas foi feita em 21 de fevereiro.

A reportagem da rede CNN afirma que procurou a prefeitura de Petrópolis para esclarecimentos, mas não obteve retorno até o momento da publicação da matéria, nesta terça, 22 de março. A equipe de jornalistas também foi ao galpão na mesma terça e comprovou que os alimentos não-perecíveis não foram retirados pelo município.

“Crueldade com a população”

A denúncia sobre o inacreditável abandono prático das cestas básicas para Petrópolis foi feita pelo vereador Eduardo do Blog (Republicanos), que acionou a Defensoria Pública do Rio de Janeiro para que os produtos sejam entregues à população. A Defensoria Pública confirmou que recebeu a denúncia.

O vereador afirma que o abandono das quase 9 mil cestas básicas “é uma crueldade com a população petropolitana”. Ele observa, em acréscimo, que “agora tivemos outra tragédia e as cestas ainda estão lá paradas”.

O Ministério da Cidadania havia determinado o repasse dos alimentos não só a Petrópolis, mas a todos os municípios afetados pelos temporais de fevereiro. Em total, foram 20 mil cestas, quase a metade para Petrópolis – o município mais afetado e o único a não ter retirado as cestas até agora.

Roupas doadas apodreceram em praça

Além do gravíssimo (des)caso dos alimentos que ainda não foram entregues pela prefeitura aos munícipes necessitados, também gerou indignação recentemente o fato de que um grande volume de roupas doadas ao povo de Petrópolis apodreceu em uma praça e, por determinação da Justiça, terá que ser incinerado.

A tragédia política

Os episódios reforçam a triste percepção popular de que as maiores tragédias sofridas pela população brasileira não são naturais, mas sim políticas. Afinal, até os deslizamentos assassinos que ocorreram na região pela enésima vez têm como causa não apenas o excesso de chuvas, mas, principalmente, o excesso de incompetência das gestões públicas em tomar as medidas necessárias para a prevenção.

Católicos e consciência política

O Papa Francisco é perfeitamente claro:

“Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão”.

Mas de que política ele está falando? Há católicos que não entendem a diferença entre política e dinâmicas partidárias. Assim, tampouco entendem o significado da separação entre Igreja e Estado, confundindo-a com uma suposta (e absurda) separação total entre a Igreja e a política.

O termo “política” vem da palavra grega “pólis“, que significa “cidade“. Originalmente, a política é a “gestão da cidade”, da comunidade, da vida social, focada no bem comum. Essa gestão, obviamente, requer a participação de todos os cidadãos. “Política” é, portanto, o exercício do poder de decisão: seja o poder pessoal de decisão sobre a própria vida, seja o poder de participar nas decisões da própria comunidade. Todo ser humano é um ser político neste sentido.

Cristãos devem fazer a sua parte na política

É por isso que a Igreja exorta os fiéis a compreenderem responsavelmente o que é a verdadeira política e a se engajarem na vida em sociedade praticando a Doutrina Social católica. O Papa Francisco enfatiza:

“Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Não podemos! Devemos nos envolver na política porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque ela procura o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política.

A política está muito suja, mas eu me pergunto: está suja por quê? Porque os cristãos não se envolveram nela com espírito evangélico? É uma pergunta que eu faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros… Mas eu, o que eu faço? Isto é um dever! Trabalhar pelo bem comum é um dever do cristão”.

Tags:
PolíticaSociedadeTragédia
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia