Aleteia logoAleteia logoAleteia
Terça-feira 23 Abril |
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

Papa: é muito importante que as crianças conversem com os avós

Reportagem local - publicado em 23/03/22

"Um idoso que viveu muito tempo, e recebe o dom de um testemunho lúcido e apaixonado da sua história, é uma bênção insubstituível"

O Papa Francisco dedicou a sua catequese desta quarta-feira ao tema da memória e do testemunho dos idosos: eles “veem a história e transmitem-na”.

Em seu encontro semanal com os peregrinos na Sala Paulo VI, o Papa disse que “a escuta pessoal e direta da narração da história de fé vivida, com todos os seus altos e baixos, é insubstituível”.

Lê-la nos livros, vê-la nos filmes, consultá-la na internet, por muito útil que seja, nunca será a mesma coisa. Esta transmissão – que é a verdadeira tradição, a transmissão concreta do idoso ao jovem! – esta transmissão falta muito hoje, e cada vez mais, às novas gerações. Porquê? Porque segundo esta nova civilização os idosos são material descartável, os velhos devem ser descartados.

Escuta

Segundo o Papa, isso é “uma brutalidade”. “Não, não deve ser assim!”

A narração direta, de pessoa a pessoa, tem tons e modos de comunicação que nenhum outro meio pode substituir. Um idoso que viveu muito tempo, e recebe o dom de um testemunho lúcido e apaixonado da sua história, é uma bênção insubstituível. Seremos nós capazes de reconhecer e honrar este dom dos idosos? A transmissão da fé – e do sentido da vida – segue hoje este caminho de escuta dos idosos?

Então o Papa deu um testemunho pessoal.

Aprendi o ódio e a raiva pela guerra com o meu avô, que combateu no Piave em 1914: ele transmitiu-me esta raiva pela guerra. Porque me falou sobre os sofrimentos da guerra. E isto não se aprende nos livros, nem de outra forma; aprende-se assim, transmitindo-o dos avós aos netos. E isto é insubstituível. A transmissão da experiência de vida dos avós aos netos. Hoje, infelizmente, não é assim, e pensa-se que os avós são material descartável: não! São a memória viva de um povo, e os jovens e as crianças devem ouvir os avós.

Na nossa cultura, tão “politicamente correta”, este caminho parece ser impedido de muitas maneiras: na família, na sociedade, na própria comunidade cristã. Alguns até propõem a abolição do ensino da história, como informação supérflua sobre mundos que já não são atuais, que tira recursos ao conhecimento do presente. Como se tivéssemos nascido ontem!

Transmissão da fé

Por outro lado – prosseguiu o Papa –, a transmissão da fé carece frequentemente da paixão própria de uma “história vivida”.

Transmitir a fé não é dizer coisas, “blá-blá-blá”. É narrar a experiência de fé. Então, dificilmente pode levar a escolher o amor para sempre, a fidelidade à palavra dada, a perseverança na dedicação, a compaixão pelos rostos feridos e desanimados? Claro, as histórias da vida devem ser transformadas em testemunho, e o testemunho deve ser leal. Não é certamente leal a ideologia que limita a história aos próprios esquemas; não é leal a propaganda que adapta a história à promoção do próprio grupo; não é leal fazer da história um tribunal no qual se condena todo o passado, desencorajando-se qualquer futuro. Ser leal significa contar a história tal como ela é, e só quem a viveu a pode narrar bem. Por isso, é muito importante ouvir os idosos, ouvir os avós, é importante que as crianças conversem com eles.

Tags:
CriançasIdososPapa Francisco
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia