Quando rogamos a Deus pelo fim da guerra na Ucrânia, é tentador pedir a Ele que force a Rússia a parar o conflito.
Entretanto, isso implicaria no fato de Deus se sobrepor ao livre arbítrio dos soldados russos e os obrigar a parar a violência.
E, por mais que desejemos que Deus force a Rússia e a Ucrânia a um cessar-fogo, não é bem assim que Ele trabalha.
Deus respeita nosso livre-arbítrio
Podemos não gostar disso, mas o fato é que Deus nos criou como seres livres, não robôs que podem ser reprogramados.
O Catecismo da Igreja Católica explica a liberdade que Deus nos deu:
«Deus […] deixou o homem entregue à sua própria decisão» (Sir 15, 14), para que ele possa aderir livremente ao seu Criador e chegar assim à perfeição beatífica.
A liberdade é a capacidade de agir ou não agir e, assim, de realizar por si mesmo ações deliberadas. Atinge a perfeição do seu ato, quando está ordenada para Deus, supremo Bem.
CIC 1743-1744
Se não nos fosse dada a liberdade ou se nossa liberdade pudesse se virar contra nós, não seríamos mais responsáveis por nossas ações.
A liberdade caracteriza os atos propriamente humanos. Torna o ser humano responsável pelos atos de que é autor voluntário. O seu agir deliberado pertence-lhe como próprio.
CIC 1745
Portanto, se Deus forçasse a Rússia contra a vontade dela, isso violaria nossa confiança em Deus e tornaria nossas próprias ações sujeitas aos “caprichos” de um Deus injusto.
Se Deus retirasse nosso livre arbítrio, todo o sistema de julgamento divino seria colocado em perigo.
Mais importante ainda: se nosso livre arbítrio nos fosse tirado, nós não seríamos capazes de amar a Deus.
Os milagres e a graça de Deus podem influenciar nossas decisões
Entretanto, Deus pode nos “influenciar” de forma positiva através da graça e dos milagres.
Liberdade e graça. A graça de Cristo não faz concorrência de modo nenhum, à nossa liberdade, quando esta corresponde ao sentido da verdade e do bem que Deus colocou no coração do homem. Pelo contrário, e como o certifica a experiência cristã sobretudo na oração, quanto mais dóceis formos aos impulsos da graça, tanto mais crescem a nossa liberdade interior e a nossa segurança nas provações, como também perante as pressões e constrangimentos do mundo exterior. Pela ação da graça, o Espírito Santo educa-nos para a liberdade espiritual, para fazer de nós colaboradores livres da sua obra na Igreja e no mundo.
CIC 1742
Essencialmente, a graça pode trabalhar dentro de nossos corações para que possamos escolher livremente amar a Deus.
É assim que nossas orações podem influenciar positivamente a Rússia e a Ucrânia, inundando os políticos e líderes de ambos os países com um rio de graças, dando-lhes todas as oportunidades para parar a guerra.
Além disso, os milagres podem impactar ainda mais a livre escolha de cada pessoa, dando-lhe ainda mais chances de optar livremente por Deus.
Os sinais realizados por Jesus testemunham que o Pai O enviou. Convidam a crer n’Ele. Aos que se Lhe dirigem com fé, concede-lhes o que pedem. Assim, os milagres fortificam a fé n’Aquele que faz as obras do seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Mas também podem ser «ocasião de queda». Eles não pretendem satisfazer a curiosidade nem desejos mágicos. Apesar de os seus milagres serem tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; chega mesmo a ser acusado de agir pelo poder dos demônios.
CIC 548