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Briga de torcidas: a indignação seletiva diante das duas agressões do Oscar

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DENZEL WASHINGTON

ANGELA WEISS | AFP

Francisco Vêneto - publicado em 29/03/22

Sim, Will Smith cometeu uma agressão injustificável. Sim, Chris Rock também. Sim, quem suaviza qualquer uma das duas agressões também

A polarização que transformou grande parte do mundo em uma interminável briga de torcidas em praticamente todas as áreas da vida pública deu ontem mais uma mostra da sua insuportável onipresença.

O comediante Chris Rock agrediu com uma “piada” a atriz Jada Pinkett-Smith, que sofre de uma doença autoimune chamada alopecia areata e que pode ser provocada por fatores genéticos, estresse e mesmo por outras doenças como hipotireoidismo.

O marido de Jada, o também ator Will Smith, “respondeu” à “piada” agredindo o comediante com um tapa na cara, que, depois, ele próprio reconheceu como injustificável.

E, completando as agressões injustificáveis, centenas de colunistas, comentaristas, influenciadores e palpiteiros de todo o mundo se posicionaram com seletiva indignação contra um OU o outro agressor, acrescentando ainda mais agressão contra quem se sentiu agredido pelo agressor da outra torcida…

Sim, Will Smith cometeu uma agressão injustificável. Sim, Chris Rock também. Sim, quem suaviza qualquer uma das duas agressões também.

Como a briga de torcidas costuma tergiversar e enviesar os assuntos, a polêmica foi previsivelmente descambada para um tendencioso bate-boca sobre os limites do humor, com todos os clichês que decorrem da falsa contraposição entre liberdades inegociáveis, como a de expressão, e deveres incontornáveis, como o do respeito ao próximo, sobretudo nos aspectos mais sensíveis da sua intimidade.

Embora seja perfeitamente óbvio que tanto o dever de respeitar o outro quanto o direito à liberdade de expressão se complementam de modo magistral e convivem sem qualquer desequilíbrio na vida das pessoas sadias e sensatas, as torcidas em guerra preferem, acaloradamente, antepor ou contrapor um ao outro, como se fosse inevitável e até obrigatório escolher um lado.

Se essa briga de torcidas se limitasse a generalizações patéticas, ilógicas e hipócritas, permaneceríamos dentro do âmbito lamentável, mas relativamente gerenciável da mediocridade pseudointelectual do cotidiano.

Mas não se deve perder de vista que essa infantil polarização também pode ser levada a extremos como, por exemplo, o do atentado selvagem contra a redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo, cujas repugnantes e repetitivas agressões a meio mundo, covardemente disfarçadas de “humor”, obtiveram como resposta uma violência absolutamente execrável, que, além do saldo trágico em vidas extirpadas, ainda tornou a briga de torcidas mais doentia e enfurecida do que antes. Em vez da desejável autocrítica dos vendedores do assim chamado “humor sem limites”, que também pode ser estupidamente agressivo, o que se viu foi um recrudescimento intelectualmente desonesto do vitimismo de quem pretende fantasiar de “arte” a própria violência.

A solução então seria censurar? Esta é outra pergunta extraordinariamente descabida, que confirma o quanto somos propensos, cada um na sua torcida, a continuar acrescentando agressões às agressões.

Não, não se propõe censura nem se justifica o injustificável. Apenas se constata que, quando os dois lados erraram patentemente, junta-se ao erro e o promove quem se indigna só com um.

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