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Repórter de guerra salva 30 refugiados e recusa título de heroína

Monika Andruszewska

Monika Andruszewska | Facebook

Monika Andruszewska: "só fiz o que eu tinha que fazer"

Aleteia Polônia - publicado em 30/03/22

A correspondente de uma emissora de TV arriscou a própria vida para salvar famílias ucranianas

Monika Andruszewska, da Televisão Internacional Polonesa, tem reportado a situação na Ucrânia desde a revolta conhecida como Euromaidan (2013-14), especialmente em territórios sujeitos à agressão russa. Mais de uma vez, a repórter mostrou grande maturidade, coragem e atenção às necessidades de outras pessoas.

Há alguns dias, ela salvou famílias que estavam na região de uma ponte derrubada pelos russos na Ucrânia, conforme informou Nedim Useinow, um cientista político da Universidade de Varsóvia.

“Uma corajosa polonesa, minha amiga Monika Andruszewska, uma grande jornalista e repórter de guerra, mas acima de tudo um grande ser humano. De acordo com o testemunho dos soldados ucranianos na foto (provavelmente voluntários), ela salvou cerca de 20 famílias sob a ponte derrubada pelos russos em Irpin, perto de Kiev. Enquanto jornalistas estrangeiros estavam fazendo imagens para suas estações, ela pousou a câmera e correu para ajudar as pessoas. Bravo! Tiro meu chapéu para ela.”

Dawid Wildstein também foi tocado pela atitude de Monika Andruszewska. Disse ele:

“A correspondente da TVP na Ucrânia (TVP World), que por acaso é minha amiga, Monika Andruszewska, arriscou sua vida salvando 30 ucranianos ao tirá-los de Irpin enquanto o local estava sendo destruído. Ela é uma heroína…”

A própria jornalista explicou toda a situação:

“Parece-me que quando a Rússia trata os civis como um alvo, é uma situação extrema e todos aqui tomam suas próprias decisões.

Anteontem, quando meu amigo e eu fomos de carro até Romanivka, perto de Irpin, descobrimos que muitos civis de Bucza e Irpin vagueavam por ali. As pessoas estavam tentando escapar dos bombardeios e do avanço das tropas russas. Famílias em pânico com crianças, idosos, animais… Eles estavam caminhando ao longo da ponte desmoronada, enquanto a artilharia estava batendo por perto. Não havia carros suficientes para evacuá-los. Começamos a transportá-los e, depois de muitas viagens, conseguimos evacuar um total de 30 pessoas e alguns animais para Kiev. Essas pessoas estavam extremamente exaustas, muitas delas tendo passado os últimos dias em um porão. Enquanto isso, uma bomba caiu em um dos lugares onde tínhamos levado pessoas. (…)

Recebo muitas mensagens realmente calorosas, incluindo pedidos para estar na mídia e contar histórias sobre o assunto. Sinto muito, mas não. Eu estava apenas fazendo o que tinha que fazer e não há necessidade de brilhar na mídia sobre isso agora. Obrigado, mas realmente não há nada de especial aqui.”

Como ela acrescenta, há muitos heróis nesta guerra que não foram mencionados pela mídia.

“Para mim, a mulher que gritou: ‘Leve minha mãe embora’, e nos obrigou a esperar que sua mãe idosa chegasse ao carro, foi muito mais heróica. Meu amigo, que vai comigo como motorista […], não se vangloria disso em nenhuma mídia, porque ele vem de Donbass, área sob ocupação russa. Victoria, uma menina que, em vez de fugir sozinha, levou seus dois cães… Ou seu vizinho, que deixou Victoria conosco e voltou a pé para Irpin para pegar os filhos de outra pessoa. Eu tentei convencê-lo a ficar. Não houve nenhum argumento. Ele já havia tomado sua decisão. Ele foi. E não voltou.”

Polêmica

A polêmica quanto ao papel que os jornalistas devem desempenhar no caso de um conflito armado permanece. Eles devem se envolver ou permanecer estritamente como observadores? O caso desta repórter fala da necessidade de discernimento pessoal e de uma decisão prudente entre servir como jornalistas não envolvidos e salvar vidas.

Como ela mesmo disse, ela tomou a decisão de ajudar. E está ciente de que há quem a critique por isso. Entretanto, a partir de agora ela sabe que 30 pessoas a consideram a melhor jornalista que poderiam encontrar em suas vidas. Trinta, e muitos mais.

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