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Anton e Snizhana: como o casal russo-ucraniano encara a guerra

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©A.G

Anton e Snizhana fazem mais do que ajudar os pais, que estão na Ucrânia e na Rússia

Anna Ashkova - publicado em 31/03/22

Casados desde 2016, o casal reza e ajuda na arrecadação de fundos, mas deseja poder fazer mais para fomentar a paz

Era 7 da manhã do dia 24 de fevereiro quando Anton, que estava viajando para o exterior a negócios, acordou com a notícia de que a Rússia havia lançado um ataque contra a Ucrânia. “Recebi uma mensagem de um de meus amigos dizendo que Kiev estava sendo bombardeada. Liguei imediatamente a TV e vi imagens chocantes”, diz Anton, 37 anos, cujos país moram na Rússia.

A centenas de quilômetros dele, sua esposa, Snizhana, estava dormindo tranquilamente sem saber que sua cidade natal estava sob bombardeio. “Meu pai me ligou às 5:59 da manhã. Eu estava muito cansada, então pensei em responder-lhe mais tarde. E quando acordei uma hora depois, vi dezenas de ligações de minha família e especialmente a mensagem de meu marido: ‘Meu Deus, não posso acreditar no que está acontecendo'”, disse a jovem mulher. “Desde então, sentimos que estamos vivendo no inferno”, acrescentou Anton.

Tão diferente e tão próximo

A história de amor do casal começou em 2012, na Grécia. Os dois tinham ido para lá para estudar grego durante as férias de verão. Rapidamente, o relacionamento evoluiu, embora a princípio fosse de longa distância. Anton viveu na França, onde estudava no Instituto de Teologia Ortodoxa Saint-Serge em Paris, enquanto Snizhana estava terminando seus estudos de direito em Kiev.

Quando surgiu o conflito entre Rússia e Ucrânia, em 2014, o casal abordou o tema de uma possível guerra entre os dois países. “Tivemos uma visão semelhante sobre este conflito. Não creio que estaríamos juntos agora se na época tivéssemos opiniões muito diferentes sobre o assunto. Além disso, sempre vi Anton como um bielorrusso e não como um russo, embora ele tenha um passaporte russo”, disse Snizhana à Aleteia.

“Quando vim visitar Snizhana em Kiev, em 2014, eu fui à Maidan. Eu falava russo em Kiev e ninguém me dizia nada sobre isso. Eu também assistia aos meus programas em russo na TV. Foi quando comecei a perceber que o que eu via em Kiev e o que eu via na mídia russa eram totalmente diferentes. Comecei, então, a fazer perguntas a mim mesmo”, diz Anton. Mas o casal, que atualmente vive em Paris, estava longe de imaginar que, oito anos depois, uma guerra sangrenta iria se deflagrar entre os dois países que eles tanto amam.

“Eu me envergonhei imediatamente do que está acontecendo”, admite Anton. “Cresci em Belarus e sempre vi a Ucrânia e a Rússia como vizinhos próximos, mas um pouco diferentes de mim. Nunca pensei que um dia seriam lançados mísseis de Belarus para Kiev”, acrescenta

Um forte desejo de ajudar

Hoje, o casal diz estar mais unido do que nunca e está preocupado com seus entes queridos tanto na Ucrânia como na Rússia. “Meu pai não quer deixar Kiev, embora ele tenha idade suficiente para fazê-lo. Ele quer lutar por sua pátria. Minha mãe está em Lviv com minha avó. Ela também não quer deixar a Ucrânia”, disse Snizhana.

Anton teme por seus sogros e também está preocupado com seus pais, que vivem em Tver e já estão sofrendo as sanções internacionais contra a Rússia. “Eu não sei o que fazer ou como ajudá-los”. Eles não pensam em deixar o país porque é a casa deles. Eu tenho muito medo por eles”.

Antes da guerra, Anton e Snizhana estavam planejando se mudar para um apartamento novo. Hoje, quando eles vêem como as pessoas estão sofrendo sob as bombas, estas questões diárias parecem muito triviais. Mesmo que participem ativamente de várias coletas para a Ucrânia e rezem ao Senhor pelo fim da guerra, parece “insuficiente” para eles. “Queremos fazer mais, ir lá e ajudar o povo”, dizem.

Enquanto eles continuam a falar cada um em seus respectivos idiomas em casa – Snizhana se dirige a Anton em ucraniano e Anton lhe responde em russo – ambos sabem que, uma vez terminada a guerra, levará muito tempo para que os dois povos reconstruam um novo relacionamento. “O que é certo é que esta página da história ficará para sempre gravada em nossas memórias”, conclui Snizhana.

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