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‘Red’ não é um filme que a minha família vai rever, e aqui está a razão

TURNING RED

Disney/Pixar

Zoe Romanowsky - publicado em 31/03/22

O novo filme da Pixar tem alguns pontos brilhantes, mas é difícil compreender porque este filme está recebendo tanta atenção

[Aviso de spoiler]

As minhas filhas gêmeas têm 13 anos, o que significa que já vimos o filme “Encanto” cerca de meia dúzia de vezes, e não estou muito longe disso quando se trata de Inside Out (Divertida Mente) e Moana (gosto dos três). A nossa família tem visto muitos filmes de animação ao longo dos anos e quando um novo filme é lançado, muitas vezes vai para a nossa lista. O mais recente filme da Pixar, “Red”, é o mais recente a chegar à nossa noite semanal de cinema.

A Pixar tem a reputação de fazer filmes com uma animação maravilhosa e histórias convincentes. “Red” pontua bastante bem no primeiro, embora não esteja no mesmo nível de “Toy Story” ou “Encontrando Nemo”. No entanto, quando se trata da história, este filme não se destaca – pelo menos do nosso ponto de vista.

Enredo

Adorei que se passasse em Toronto – uma cidade onde eu morei, cujas ruas, pontos de referência e horizonte são tão familiares. A personagem principal do filme, Mei Lee, de 13 anos, é uma chinesa canadense de segunda geração, a filha única de pais que dirigem um templo em Chinatown. Tudo parece bem no seu mundo, exceto que suas amigas desejam que ela esteja mais disponível depois das aulas para se divertir – e ela também gostaria disso.

Em vez disso, Mei faz o que se espera dela – ajudar a limpar o templo e passar tempo com os seus pais, uma mãe amorosa mas prepotente, e um pai passivo mas bondoso. Ela quer ser mais independente, mas há expectativas que ela se sente obrigada a manter e a seguir.

O problema surge quando Mei, que entrou na puberdade, começa a transformar-se num grande panda vermelho cada vez que sente uma emoção intensa. O que é frequente, porque ela é uma jovem adolescente que ainda tem de aprender a lidar com os seus sentimentos. Mei aprende que este problema do panda vermelho corre na sua família: todas as mulheres do lado da sua mãe são “amaldiçoadas” com este fenômeno e a única forma de o remediar é submeter-se a um antigo ritual para exorcizar o panda para sempre.

Mas, claro, as coisas não correm exatamente como planejado.

Antes de ver o filme, disse às minhas filhas que deveríamos esperar (com base no que li) rebeldia adolescente, desobediência, más atitudes e adoração dos antepassados. E enquanto tudo isso aparece mais ou menos em diferentes partes do filme, esperávamos que fosse pior, e no final ficamos a pensar porque é que há tanta controvérsia por aí sobre este filme.

Mas uma vez que estamos a falar sobre o filme, algumas coisas sobressaíram.

O bom… e não tão bom

O filme tem alguns momentos doces – como a conversa carinhosa e encorajadora que Mei tem com o seu pai, e o apoio que as amigos de Mei rapidamente oferecem quando descobrem o seu problema com o panda.

Mas ficamos horrorizados com a falta de sensibilidade da mãe de Mei ao constranger a filha. As minhas filhas não podiam acreditar que alguma mãe espiasse os seus filhos na escola ou arrastasse a filha para uma loja de conveniência para confrontar um rapaz por quem a menina tinha uma queda. Todos concordamos que a mãe de Mei a amava e que tinha boas intenções, mas censuramos alguns dos seus comportamentos.

Também vimos que o enredo patina no decorrer do filme. O problema do panda vermelho foi divertido no início, mas acabou por se transformar em algo estranho.

Sim, houve culto aos antepassados, misturado com alguma magia, politeísmo, e até mesmo um pouco de budismo Zen. Para alguns pais cristãos, esta é a parte mais controversa do filme. Apesar disso, pode ser um tópico de conversa. Mas no caso de “Red”, qualquer coisa séria que os roteiristas possam ter tentado transmitir sobre o mundo espiritual foi ofuscada pelo problema maluco do panda.

Em uma das cenas finais do filme, quando Mei está prestes a sair com um ar meio humano e meio panda, a sua mãe diz: “Você não vai sair assim, vai?”. E Mei responde:

“Meu panda, minha escolha, mãe…”

A sério? Por acaso devemos aceitar que uma criança de 13 anos faça o que quiser, sempre que quiser?

Além disso, a resposta para ser uma mãe prepotente com expectativas rígidas não é transformar-se numa mãe permissiva.

O resultado final

Por fim, as minhas próprias meninas de 13 anos não gostaram deste filme. Elas reagiram negativamente ao exagero de Mei e suas amigas pelos rapazes, e à obsessão que têm em ir a um show da banda dos meninos.

É verdade, as minhas filhas têm outros interesses no momento, e são educadas em casa. No entanto, no final, todas nós ficamos confusas sobre a razão pela qual este filme tem sido tão bem falado.

Acho que no próximo fim de semana vamos ver novamente “Encanto”. Mas não se preocupem, não vou falar do Bruno.

Tags:
CinemaCriançasEducaçãoFamília
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