1. UCRÂNIA: "AS MÃES TENTAM NÃO CHORAR, E AS CRIANÇAS JÁ NÃO RIEM
Segundo o UNICEF, 7,5 milhões de crianças na Ucrânia estão em perigo de se tornarem vítimas de tráfico. O diário católico L'Avvenire põe em evidência estas mães e crianças, "a outra face menos visível da resistência", que estão agora sob ameaça. Deixadas à sua sorte enquanto os homens são requisitados para defender o país, estas mulheres e crianças - muitas das quais estão em fuga - precisam não só de ajuda material básica, mas também de apoio psicológico e psicossocial. As crianças, diz um voluntário humanitário, "estão traumatizadas". Para além das suas necessidades de emergência, mães e crianças "pedem apenas uma coisa: que a guerra acabe". "Faça-os parar! Faça-os parar!" – repete uma mulher idosa num grito de dor no coração.
Avvenire, italiano
2. A EXISTÊNCIA OU NÃO DE UMA GUERRA JUSTA NÃO É O QUE TRARÁ PAZ À UCRÂNIA
"Como poderia o Papa Francisco mostrar tanta indiferença para com aqueles que estão realmente a morrer pela sua pátria?" – pergunta Pietro de Marco, antigo professor de sociologia da religião na Universidade de Florença. Esta é uma questão que muitas pessoas se colocam na discussão sobre paz e guerra, sobre pró-Putin ou anti-Putin; questões que têm ocupado o espaço dos media italianos nos últimos dias. No final, não se trata do direito da Ucrânia de resistir ou de obter armas contra a invasão russa, mas sim de como alcançar a paz. Em vez de concordarem definitivamente sobre esta questão, os intelectuais católicos atolam-se em debates estéreis nos quais acusam o Papa de ser "pacifista" ou mesmo "neutralista", de não tomar uma posição clara a favor da Ucrânia, etc. Mas antes de criticar - em breve a comparação com os silêncios de Pio XII voltará a surgir - é necessário voltar atrás e considerar seriamente o espectro da guerra no Iraque, à qual João Paulo II se opôs absolutamente e que terminou na devastação total do país invadido. Assim, o realismo necessário não é aquele que visa redesenhar a geografia política do mundo, mas sim aquele que, face à tragédia atual, explora todas as aberturas possíveis para alcançar a paz. Isto é o que o Papa, o verdadeiro realista, quer e insiste em fazer.
Vita, italiano
3. UMA LEITURA ANTI-CLERICAL DA DESCRISTIANIZAÇÃO DA IRLANDA
Por que a Irlanda, uma nação católica próspera no final da Segunda Guerra Mundial, tornou-se hoje uma nação altamente secularizada? É isto que o jornalista Fintan O'Toole se propõe a responder, com uma abordagem muito pessoal, recontando o país da sua infância no livro "We Don't Know Each Other: A Personal History of Modern Ireland". Um livro marcado, segundo a revista The New Yorker, por um "anticlericalismo virtuoso", com o autor descrevendo a Irlanda na sequência da sua independência como um "curioso e poeirento pequeno anexo da Igreja Católica". O jornalista, acumulando anedotas sobre os costumes paradoxais do clero irlandês, chega ao ponto de afirmar que o seu país, no seu nascimento, era de faato governado pelo poderoso Arcebispo de Dublin, John Charles McQuaid. O livro é apresentado como uma acusação contra o sectarismo religioso. Este último, segundo o autor, alimentou durante anos a violência política contra o inimigo inglês ao ponto do absurdo. Mais amplamente, ele ataca as muitas inconsistências da sociedade católica irlandesa na segunda metade do século XX. É desta "hipocrisia" que o autor acredita que a Irlanda teria se livrado gradualmente para se tornar um país "normal", nomeadamente com a adoção do casamento gay em 2015. "Isso, penso eu, foi o que realmente mudou: os católicos comuns aperceberam-se que quando se tratava de viver a moralidade, estavam muito à frente dos seus professores", diz o autor anticlerical.
The New Yorker, inglês
4. UNIÕES HOMOSSEXUAIS: UMA MANOBRA "ESCONDIDA" ESTÁ A TOMAR FORMA DENTRO DA IGREJA
Numa entrevista a um semanário alemão, o cardeal Reinhard Marx apelou mais uma vez a mudanças no catecismo sobre homossexualidade e moralidade sexual, noticiou um jornal italiano, denunciando o desejo de alguns prelados de construirem uma "Igreja do futuro" de acordo com uma agenda progressiva. "O catecismo não é de pedra". O que diz também pode ser questionado", disse o cardeal Marx, arcebispo de Munique, e presidente do Conselho para a Economia do Vaticano. Mas o próprio Papa Francisco é cauteloso e não quis parecer estar a romper com os seus antecessores a nível doutrinário, mesmo que tenha expressado, a título pessoal, uma opinião favorável sobre as uniões civis entre pares homossexuais. Contudo, dado o turbulento contexto internacional, particularmente com as consequências ainda dramáticas da pandemia e da ofensiva russa na Ucrânia, o Papado deve cumprir o seu papel histórico para com a humanidade e "o espaço para polémicas doutrinárias foi reduzido", nota o jornal italiano.
Il Giornale, italiano
5. ABUSOS SEXUAIS: A IGREJA SUÍÇA LANÇA UM "PROJETO-PILOTO" PARA COMBATER ESSE TIPO DE CRIME
A Igreja Católica na Suíça está a lançar um "projeto-piloto" para combater crimes de abusos sexuais: no prazo de um ano, uma equipe de investigação da Universidade de Zurique deverá avaliar as condições gerais para um estudo histórico sobre abusos no contexto eclesial desde meados do século XX, a fim de fornecer uma base para novos projetos de investigação. Espera-se que comece a entrevistar as vítimas em Maio. Aconselhada por um comité científico independente, a equipe terá acesso aos guardados guardados nos arquivos secretos das dioceses. Entre os peritos envolvidos encontra-se a especialista em direito canónico Astrid Kaptijn (Universidade de Friburgo), que participou na Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja (Ciase), na França. O projeto, que tem um orçamento de 450.000 francos suíços, é considerado por alguns como sendo uma iniciativa "tardia", enquanto outros dizem que não revelará quaisquer números e fatos precisos.
Cath.ch, francês