Um exame arqueológico dos relatos evangélicos sobre a vedação do túmulo de Jesus está levando a um questionamento acerca do formato da rocha utilizada para lacrar o túmulo.
As representações artísticas populares do túmulo de Jesus, muitas vezes, apresentam uma grande pedra em formato de disco que teria sido rolada até o local para fechar a entrada da tumba. No entanto, um artigo de Urban C. von Wahlde publicado pela Sociedade Bíblica de Arqueologia (BAS) em 2015 sugere que a pode ter sido quadrada.
Uma questão de riqueza
De acordo com a BAS, von Wahlde estudou os registros de cerca de 900 sepultamentos da era do Segundo Templo. Dessa amostragem, apenas quatro locais foram identificados como tendo pedras de vedação em formato de disco. Eram os túmulos das pessoas mais ricas e proeminentes de seu tempo.
Sabemos que o túmulo de Jesus foi emprestado de José de Arimateia, e não foi projetado para Cristo. É difícil dizer se José era de um status social suficientemente alto para ter conseguido uma vedação circular para seu túmulo.
Os registros evangélicos dão descrições diferentes de José. Mateus nomeia-o como um "homem rico", enquanto Marcos se refere a ele como um "respeitado membro do conselho".
O artigo da BAS diz que seria improvável que José de Arimateia tivesse uma pedra de vedação em formato de disco pronta para a sua tumba. Isso significa, portanto, que a tumba teria sido fechada com uma pedra quadrada.
Para confirmar essa hipótese, von Wahlde começou a dissecar os escritos originais dos Evangelhos. Sua principal concentração era em uma palavra: o grego kulio, que significa "rolar".
Traduções do grego
Von Wahlde descobriu que o termo kulio era utilizado para descrever a colocação do lacre nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. João, entretanto, usou o termo grego hairo, que significa "removido" ou "levado embora".
O autor sugere, então, que o uso do kulio como raiz não estava tão relacionado com o movimento de rolar, mas com o movimento de entrada ou de saída da tumba. Von Wahlde escreveu:
"Pode muito bem ser que as pessoas tenham rolado as pedras 'em forma de rolha' para longe do túmulo. Uma vez que se vê o tamanho de uma pedra 'de rolha', por mais que se tire a pedra da porta, é provável que você a role pelo resto do caminho".
Von Wahlde concluiu, portanto, que as evidências arqueológicas e os relatos eangélicos relativos à existência de pedras em formato de disco durante o tempo de Jesus sugerem que a pedra usada para vedar o túmulo de Cristo estava mais para um bloco do que para um disco. Ele observou que os fechamentos circulares se tornaram mais populares na era romana e bizantina.