O cientista chinês He Jiankui foi preso em 2018 após anunciar que tinha realizado a primeira modificação genética da história em bebês: ele havia “editado” geneticamente duas irmãs gêmeas e, depois, também um terceiro bebê.
A medicina considera esta prática antiética e a legislação de muitos países a proíbe expressamente. A China, no entanto, não tem leis regulamentares específicas no tocante à edição de genes, mas, ainda assim, a prática é fortemente contestada mesmo naquele país.
O Dr. He Jiankui alegou, em sua defesa, que pretendia impedir a propagação do vírus HIV em recém-nascidos, interferindo artificialmente em sua genética. Ele usou a técnica CRISPR para reproduzir uma mutação no gene CCR5 conhecida como Delta 32, que aumenta a resistência natural de alguns indivíduos ao HIV. Não foi comprovado, porém, se o objetivo foi atingido.
O médico foi acusado de enganar pacientes e autoridades médicas e, em novembro de 2018, recebeu ordem de prisão domiciliar. Em dezembro de 2019, um tribunal chinês o condenou ao regime fechado após considerá-o culpado de violar regulamentos médicos e empregar “tecnologia de edição de genes precipitadamente à medicina reprodutiva assistida humana”.
Cientistas norte-americanos que estariam a par dos trabalhos do Dr. He Jiankui também estão sendo investigados por eventual participação nos trabalhos ilegais do Dr He Jiankui.
De acordo com o portal informativo MIT Technology Review, o médico chinês já está solto e chegou a atender a um telefonema de repórteres, mas não concedeu entrevista alegando que, no momento, “não é conveniente” dar declarações. Tampouco há informações sobre suas pretensões de retomar ou não os estudos sobre modificação genética de bebês humanos.