Quinta-feira, 21 de Abril de 2022
1 – A China dominada por uma febre religiosa?
2 – Ucrânia: “O sagrado nunca é um adereço do poder”, diz religioso
3 – As esperanças de paz do Cardeal Etíope Souraphiel
4 – Pode um padre ser um político? O caso complicado do Padre Drinan
5 – Quando José Mourinho visita o hospital infantil do Vaticano
1. A CHINA ESTÁ A SER DOMINADA POR UMA FEBRE RELIGIOSA?
“Face ao aumento do materialismo e do consumismo que acompanharam a abertura do país, a religião encontrou sem dúvida o seu lugar”, analisa o sinólogo Claude Meyer, conselheiro do Centro Asiático do Instituto Francês de Relações Internacionais. Entre os sinais disso: a construção de igrejas ou a expansão de templos. Este regresso à religião pode ser explicado em primeiro lugar pelo fato de que “a espiritualidade está profundamente enraizada na psique chinesa”. Portanto, para este especialista entrevistado pelo Le Figaro, o comunismo ateu só poderia ser uma espécie de parênteses. Entretanto, o partido comunista continua a ver o catolicismo como uma ameaça. Claude Meyer recorda que Pequim não apoia a autoridade do Papa, uma influência externa, e volta às questões levantadas pelo recente acordo entre a China e o Vaticano sobre a nomeação dos bispos.
Le Figaro, francês
Defendendo o Papa Francisco contra aqueles que o acusam de “neutralidade” face ao conflito ucraniano, o padre Spadaro explicou em La Stampa que com o pontífice o sagrado é “nunca um acessório do poder”. Francisco, recorda-se, declarou-o claramente ao Patriarca Kirill quando declarou que a Igreja não deveria “usar a linguagem da política, mas a linguagem de Jesus”. Uma armadilha, porém, na qual o chefe da Ortodoxia Russa caiu, segundo o jesuíta, mas também Putin, Biden ou mesmo o ex-presidente ucraniano Poroshenko em discursos recentes misturando espiritualidade e espírito guerreiro. O pontífice, por seu lado, “resiste à tendência de fazer do cristianismo uma garantia política, seja ele qual for”. Rompendo assim com a “pretensão imperial” dos papas do passado, conclui o intelectual próximo do Papa.
La Stampa, italiano