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Papa Francisco dá entrevista sobre sua postura quanto à guerra na Ucrânia

UKRAINE

Shutterstock | Drop of Light

Francisco Vêneto - publicado em 25/04/22

O pontífice respondeu a perguntas delicadas e complexas sobre como a Santa Sé está agindo pelo fim da guerra

O Papa Francisco concedeu uma entrevista ao jornalista Joaquín Morales Solá, do jornal argentino La Nación, durante a qual respondeu a questões variadas, mas com maior destaque para a guerra na Ucrânia.

Putin

Uma das perguntas do jornalista foi sobre o motivo de Francisco não citar o nome do presidente russo Vladimir Putin ou mesmo o nome da Rússia quando se refere à guerra na Ucrânia. Francisco respondeu que “um Papa nunca nomeia um chefe de Estado e muito menos um país, que é superior ao seu chefe de Estado”. Ele acrescentou que o Vaticano está executando tratativas diplomáticas e que não pode entrar em detalhes a respeito.

Ações concretas da Santa Sé

De qualquer forma, é público e notório que o Vaticano já realizou iniciativas bastante concretas e ousadas: o próprio Papa se prontificou desde o início da guerra na Ucrânia a intermediar as negociações de paz; ele chegou a ir pessoalmente até a embaixada russa junto ao Vaticano; Francisco foi enfático ao chamar a guerra de guerra e ao desmentir diretamente a narrativa de Putin, que afirma tratar-se de uma “operação militar especial”; a Santa Sé enviou representantes presenciais de peso à Ucrânia, como o cardeal Krajevski; o Vaticano enviou doações em dinheiro, alimentos, itens de primeira necessidade, remédios e até ambulâncias; a Igreja determinou que conventos, seminários, paróquias e outras instalações físicas acolham desabrigados; etc.

Visita à embaixada

O entrevistador perguntou pontualmente sobre a visita do Papa à embaixada da Rússia junto ao Vaticano. Francisco respondeu que foi um ato de responsabilidade pessoal:

“Eu estava sinalizando ao governo que ele pode acabar com a guerra no momento seguinte. Para ser honesto, eu gostaria de fazer algo para que não haja mais nenhuma morte na Ucrânia. Mais nenhuma. E estou disposto a fazer tudo para isso”.

Francisco ressaltou que, “a essa altura da civilização”, qualquer motivo para uma guerra é “anacrônico”.

Visita a Kiev

Sobre uma possível visita do Papa a Kiev em plena guerra na Ucrânia, Francisco respondeu que não pode comprometer os objetivos superiores, como o próprio fim da guerra, uma trégua ou os corredores humanitários. E devolveu a pergunta ao jornalista:

“Qual seria a utilidade do Papa ir a Kiev se a guerra continuasse no dia seguinte?”.

Kirill

Joaquín Morales Solá perguntou então a Francisco sobre a sua relação com o patriarca ortodoxo de Moscou, Kirill, que está publicamente alinhado ao regime de Vladimir Putin. O Papa respondeu que a relação é boa e lamentou o cancelamento de um encontro que estava previsto entre os dois líderes religiososo para junho:

“A nossa diplomacia considerou que um encontro dos dois neste momento poderia levar a muita confusão”.

De fato, o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa tem sido reiteradamente acusado de apoiar o regime de Putin e, por conseguinte, ser cúmplice do massacre perpetrado pelas tropas russas contra o povo ucraniano.

A postura de Kirill em relação à Santa Sé, historicamente, também é de fechamento. Ele se recusou a encontrar-se com São João Paulo II e com Bento XVI, mas propôs um encontro com Francisco em 2016, quando o Papa viajava para o México. Francisco fez uma escala em Cuba apenas para encontrar Kirill, que já estava de visita à ilha comunista. Foi um primeiro passo para estabelecer um diálogo. No momento, o diálogo volta a ser dificultado pelo patriarcado moscovita, que opta pelo alinhamento ideológico a Putin.

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