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Dom Pedro Cipollini e os trabalhos da CEPDF na pandemia

ARGENTINA

@oscar_ojea

Vanderlei de Lima - publicado em 05/05/22

Como reagir adequadamente frente aos vários ‘magistérios paralelos’ existentes?

Dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André, SP, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé (CEPDF) e experiente teólogo, dirigiu-se aos seus irmãos no episcopado, por ocasião da 59ª Assembleia Geral da CNBB, reunida, de modo virtual, entre 25 e 29 abril último.

O bispo inicia lembrando que, apesar da pandemia da Covid-19, alguns trabalhos da Comissão que preside foram efetivados. Temos, assim, três subsídios doutrinais: Vida dom e Compromisso I: Fé cristã e opção preferencial pelos pobres e Vida dom e compromisso II: Fé cristã e aborto, ambos publicados em 2021. E, no início de 2020, o subsídio doutrinal n. 11, sobre O Magistério dos Bispos, além de “uma reunião on-line da Comissão com os peritos, cujo tema foi ‘Interpelações à fé cristã e desafios teológicos-pastorais, frente à pandemia e a proposta de uma Igreja Sinodal’”, escreve Dom Pedro.

Recorda, a seguir, que a pandemia ensinou a Igreja a olhar melhor para o mundo digital como importante campo de evangelização. “A ciberteologia é entendida como novo campo teológico para ‘pensar a fé cristã nos tempos da rede’. Dessa experiência religiosa surgem questões políticas, teológicas, morais etc. Pessoas isoladas ou grupos religiosos passaram a ocupar, por um processo de midiatização, um espaço ostensivo nas instâncias de poder digitais. A migração da prática religiosa para o mundo virtual, que exige mudança de estratégia pastoral. Um desafio!”, diz o bispo.

O presidente da CEPDF registra também o seguinte: “Evidenciou-se, com a pandemia, os grupos católicos conservadores, radicais, reacionários, no interior da Igreja do Brasil. São tomados pelo tradicionalismo fundamentalista. São empenhados no combate ao Concílio Vaticano II, à reflexão teológica pós-conciliar e ao Pontificado do Papa Francisco. Estes grupos estão minando nossas comunidades e cooptando nossas lideranças pastorais, já fragilizadas. Se arvoram em donos da verdade e instrumentalizam pronunciamentos dos bispos. E, assim, proliferam os pequenos cismas. Como reagir adequadamente frente aos vários ‘magistérios paralelos’ existentes? Encontramos grupos altamente midiatizados que usam todo o potencial disponível, que se apresentam como defensores da ‘ortodoxia católica’, da tradição, da moral e da liturgia”.

Dom Pedro Cipollini não se furta a apontar ainda a “guerra cultural” a destruir a tradição judaico-cristã no Ocidente para substitui-la pela chamada “pós verdade” de cunho laicista, relativista, sem Deus. “Um exemplo disso é a desconstrução do paradigma do matrimônio monogâmico e da família natural, como proposto pelo cristianismo; é uma consequência direta da implementação das teorias (ideologia) de gênero, que visam a legitimação de um novo paradigma da sexualidade humana, com base no amor livre, na bissexualidade, na pansexualidade, etc.”. Isso tudo, aliado à realidade de não poucas pessoas religiosas, mas sem religião, de muitas religiões e pouca fé, de católicos que não receberam o Kerigma ou o Anuncio da Boa Nova. Ora, aqui entra, ante a confusão na mente do Povo de Deus, a importante missão dos bispos – mestres da fé – e, por conseguinte, também dos padres aos quais se faz necessário oferecer uma formação adequada ante os desafios atuais, conforme registra o próprio bispo de Santo André.

Para finalizar, Dom Pedro oferece dois pontos importantes: 1) Propor claramente a verdade, esclarecendo “o que é ideológico e o que é da fé católica, o que é comunismo e o que é Doutrina Social da Igreja. Ter uma fé clara (segundo o Credo da Igreja) não pode ser taxado de exagero, falta de espírito ecumênico. O que a Igreja crê está acima das ideologias da moda”. 2) Usar, de modo colegial, dos “meios que temos, na Igreja, ou dos instrumentos que nós mesmos fabricamos colegialmente, para dar uma fé sólida ao nosso povo, mas parece que não os aplicamos colegialmente. Temos muitos remédios, que nós mesmos fabricamos, mas não aplicamos. Por que será?”

Eis o que caberia dizer, muito resumidamente, sobre a fala de Dom Pedro Cipollini na 59ª Assembleia Geral da CNBB.

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