1 - Portugal a legalizar a eutanásia?
Após a tomada de posse da assembleia parlamentar resultante das eleições de 30 de Janeiro, a inclusão de um novo projeto de lei sobre eutanásia na ordem do dia do parlamento português parece cada vez mais provável. Após uma primeira rejeição estreita no Parlamento em 2018, uma lei pró-eutanásia foi aprovada em Janeiro de 2021, mas o Presidente Marcelo Rebeso de Sousa enviou o texto ao Tribunal Constitucional, que o invalidou devido à subjetividade de termos como "sofrimento intolerável", "lesão permanente" e "doença fatal", que deveriam justificar o uso desta medida. Uma nova versão do projeto de lei foi vetada pelo presidente, que está próximo da Igreja Católica e se opõe veementemente à sua legalização. Segundo a bioética Ana Sofia Carvalho, a nova redação proposta no último rascunho permanece "muito estranha" e "só piora as coisas". "Quando dizem que só se aplica a doenças graves, incuráveis e irreversíveis que causam um sofrimento muito intenso, o que corresponde a qualquer tipo de câncer", advertiu ela na rádio católica Renascença.
The Tablet, inglês
2 - Francisco deve esclarecer a posição do Vaticano sobre a Ucrânia
Dois meses após a invasão da Ucrânia, a Igreja Ortodoxa Russa não perdeu uma única oportunidade de afirmar que o Vaticano está ao seu lado no conflito, observa o NCR. Os repetidos apelos do Papa Francisco à paz têm sido até agora interpretados pelo Patriarcado de Moscou como apoio à justificação da Rússia para a guerra, segundo a qual a paz no Donbass foi ameaçada por extremistas ucranianos e teve de ser restaurada por uma operação militar russa. Vários acontecimentos nos últimos meses foram utilizados pela Igreja Ortodoxa Russa para afirmar que a Santa Sé estaria do lado dos "invasores". Estes incluem a visita do núncio papal à Rússia e a reunião de videoconferência entre Francisco e Kirill. É verdade que algumas das palavras do Papa Francisco são confusas, nomeadamente na sua entrevista ao Corriere della Sera, onde se interrogou se "o ladrar da OTAN (NATO) às portas da Rússia" não teria levado Putin a declarar guerra à Ucrânia. Os pesquisadores que escreveram este artigo argumentam que não é suficiente estar empenhado na paz, e que o Papa Francisco precisa de tornar clara a sua posição sobre a guerra, a fim de evitar o jogo nas mãos daqueles que a apoiam.
NCR, inglês
3 - Chile planeja investigar abusos de clérigos
Depois de um importante padre jesuíta - Felipe Berrios - ter sido recentemente acusado de abuso sexual de uma adolescente no início dos anos 2000, o Presidente chileno Gabriel Boric anunciou que estava a considerar abrir uma investigação nacional sobre a Igreja Católica. A nova acusação surge quando a Igreja chilena já foi abalada nos últimos anos por revelações de abusos e encobrimentos - sendo o caso mais infame o ex-padre Fernando Karadima. Num relatório publicado em Maio de 2021, os jesuítas no Chile reconheceram que 64 pessoas tinham sido abusadas sexualmente - 34 delas quando ainda crianças ou adolescentes - por 11 dos seus clérigos que a ordem investigou entre 2005 e 2020. Na sua declaração sobre as novas acusações, os jesuítas apelaram a um "julgamento rápido e transparente, mas com especial atenção para a vítima".
Crux, inglês
4 - Progressos do Vaticano em matéria de segurança financeira
O comitê da União Europeia contra a lavagem de dinheiro, Moneyval, considera que o seu relatório anual sobre o Vaticano será agora sujeito a controles regulares, saudando uma série de reformas recentes do Papa Francisco. No entanto, a vaticanista Maria-Antonietta Calabro observa que o risco de abuso do sistema interno por "infiltrados" ainda existe e que o organismo considera que o Vaticano ainda não está a par do assunto, fazendo "referência clara" ao processo judicial em curso no caso do edifício de Londres. O relatório salienta também uma certa "lentidão" e "falta de recursos tanto no sistema judicial como nas agências de aplicação da lei" que não dispõem de "investigadores financeiros suficientemente qualificados". No entanto, os resultados dos progressos realizados são considerados "encorajadores" em geral.
Just Out, italiano
5 - No Brasil, o fenômeno dos jovens sem religião
"Eu não tenho religião, sempre fui totalmente pura a isso. Eu acredito em tudo, primeiramente em Jesus, o único Deus todo poderoso. Também acredito em entidades, que me ajudaram muito e sempre que puderem vão me ajudar... Acredito em energias, no universo...". É assim que Mariana Oliveira Viana, 21 anos, residente do Rio de Janeiro (Brasil), descreve as suas crenças. Mariana é um dos milhares de jovens brasileiros que se definem a si próprios como "sem religião". De acordo com dados de 2022 do instituto de pesquisa Datafolha, para o grupo etário dos 16 aos 24 anos, as pessoas que não se identificam com nenhuma religião representam 14% dos inquiridos, contra 26% que se identificam como evangélicos e 49% como católicos. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, algumas das maiores cidades do país, o grupo "sem religião" sobe para cerca de 30% e 34% respectivamente. A BBC Brasil também consultou três cientistas sociais para explicar o que significa considerar-se "sem religião" - que não é estar sem fé ou espiritualidade. É principalmente um fenômeno urbano e juvenil, centrado no distanciamento das instituições religiosas e numa concepção mais fluida da espiritualidade, misturando muitos elementos de crença.
BBC Brasil, português