Conheça os momentos em que a presença angélica é mais forte, de acordo com os Padres da Igreja
Nos seus “Conselhos Diversos para a Elevação da Alma a Deus através da Oração e dos Sacramentos” (Introdução à Devota, Parte 2) dirigidos a Filoteia, São Francisco de Sales, a respeito do “sol dos exercícios espirituais” – a Missa – escreve:
“Fazei, pois, todos os esforços para participar diariamente da Santa Missa, a fim de oferecer com o sacerdote o sacrifício do vosso Redentor a Deus, seu Pai, por vós e por toda a Igreja. Os anjos, como diz São João Crisóstomo, estão sempre presentes ali, em grande número, para honrar este santo mistério; e nós, unindo-nos a eles e com a mesma intenção, recebemos muitas influências favoráveis desta companhia”. (Cap.XIV)
São Miguel e os Apóstolos
Os anjos estão presentes e ativos, como veremos a seguir. Desde o Ato Penitencial, o nosso arrependimento é testemunhado pelos anjos, juntamente com Nossa Senhora. Na versão antiga, o Arcanjo Miguel, nosso poderoso aliado na luta contra Satanás, São João Batista e os santos apóstolos eram também invocados.
Glória
Nas missas de domingo e dias de festa cantamos juntamente com os anjos o Gloria in excelsis Deo, um hino de origem oriental, usado a partir do século V.
O texto grego encontra-se nas Constituições Apostólicas e no final do Codex Alexandrinus. L. Duchesne escreve:
“Era um hino matinal: fazia parte do Ofício da manhã. Em Roma foi introduzido antes da Missa de Natal que era celebrada antes do amanhecer. O Papa Simachus estendeu a sua utilização aos domingos e às festas dos mártires, mas apenas na missa episcopal”.
Lucas, o Evangelista
É por excelência o hino dos anjos, cujo incipit, o evangelista Lucas nos deu na noite santa do Natal:
“E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina).”
A dignidade dos concidadãos dos anjos
De acordo com uma ideia muito cara a São Gregório Magno, este hino tinha como objectivo restaurar a nossa dignidade de concidadãos dos anjos.
Numa homilia de Natal, ele mostra-nos até que ponto a nossa condição pecaminosa nos tornou estranhos a Deus e, portanto, em discordância com os espíritos celestiais.
Fervor do “Gloria”
Os anjos olhavam para nós como se fôssemos seres desonestos, mas a vinda do Redentor na nossa carne restabeleceu as relações.
Esta ideia encontra-se também nas pinturas dos grandes mestres. Diz-nos São Gregório:
“Desde que conhecemos o nosso Rei, os anjos reconhecem-nos como seus concidadãos”.
Isto deve ser o resultado do nosso fervor ao cantarmos o Gloria na Missa.
O Prefácio e o Sanctus
Há outro momento muito importante que nos oferece a oportunidade de unir as nossas vozes às das milícias celestiais. Este é o Prefácio seguido do Sanctus (Santo).
Anteriormente, o muito longo Prefácio das Constituições Apostólicas terminava com os nomes dos vários chefes das milícias celestiais que, juntamente com uma multidão de outros anjos, cantam incessantemente “Santo, santo, santo…”.
Liturgia grega
Na liturgia grega, com uma abundância de expressões magníficas, os Prefácios louvam a Deus “três vezes santo, rodeado por miríades de estrelas, serafins e querubins sublimes, que cantam em alta voz o hino triunfal: Santo, Santo Santo…”.
A visão de Isaías
Quanto ao Sanctus, que é inseparável do Prefácio e que os gregos chamam Trisagion, introduz-nos literalmente a esta grande visão de Isaías.
O Responsório Duo Seraphim, que certamente apareceu mais tarde na liturgia, está em perfeita harmonia com este venerável e antigo Sanctus.
Lembra-nos que são os serafins que o cantam. O momento é solene:
“A este brado as portas estremeceram em seus gonzos e a casa, encheu-se de fumo.” (Is 6, 4).
O Sanctus exige uma solenidade absolutamente particular e um respeito reverencial.
O anjo do sacrifício
É evidente que depois de terem assim atraído os seus eminentes elogios, os espíritos celestiais permanecem ali, em redor do altar, no momento do Sacrifício Eucarístico.
Santo Ambrósio, comentando o aparecimento do Anjo a Zacarias, exclama:
“Nós também, quando estamos no altar oferecendo sacrifício, um anjo vem ajudar-nos, mesmo que ele não apareça diante dos nossos olhos! Não devemos duvidar que um anjo nos assiste quando Cristo está lá, quando o próprio Cristo é sacrificado”.
De pé diante do altar
O Cânone Romano menciona o anjo do sacrifício que leva os nossos dons místicos do altar na terra para o altar no Céu:
Nós Te pedimos humildemente,
Deus Todo-Poderoso,
que esta oferta possa ser levada à sua presença,
para o altar do Céu,
pelas mãos do seu Anjo;
nós que recebemos
o Corpo e o Sangue do seu Filho,
enquanto aqui participamos deste altar
A questão é: que anjo é este sempre presente durante a Missa?
Jean de Puniet, um monge de Solesmes, dedicou um artigo muito interessante a este assunto e conclui que este anjo é São Miguel.
Ele deduz isto da comparação entre o Apocalipse, onde se diz que um anjo está diante do altar com um incensário dourado (Ap 8, 1-15) e a fórmula para a bênção do incenso durante uma missa solene que se lê:
“… Por intercessão do bem-aventurado Miguel Arcanjo, que se ergue à direita do altar do incenso”.
O Cardeal Schuster é da mesma opinião:
“O chefe da milícia angélica (São Miguel), tornou-se muito cedo na liturgia o anjo por excelência, o anjo sagrado mencionado no cânon da Missa”.
