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Como eu aprendi a abraçar a hospitalidade em meio ao caos familiar

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GoodStudio | Shutterstock

Michael Rennier - publicado em 23/05/22

Nenhum de nós é perfeito. Nossas casas não são perfeitas. Mas não devemos deixar que isso destrua nossa hospitalidade e nosso prazer em receber as pessoas que amamos

Se você já teve a “sorte” de visitar nossa casa, você certamente foi tratado com a melhor hospitalidade que uma família com seis filhos pequenos pode proporcionar. Eu provavelmente fiz um tour pela casa com você, aconselhando-o, ao longo do caminho, a tomar cuidado para não pisar sobre as pilhas de sapatos e brinquedos sujos, desviando seus olhos dos pratos sujos no balcão. E eu aprecio muito que você não esteja comentando sobre nossas cadeiras, pratos e xícaras inadequados.

Após o passeio, provavelmente lhe servi uma xícara de café. (Desculpe, as crianças beberam todo o leite e entornaram todo o açúcar, por isso eu não pude lhe oferecer). Fique à vontade para rir enquanto você me vir lutando para abrir uma garrafa de vinho sem um saca-rolhas, pois as crianças também sumiram com ele.

Sem julgamentos

Ninguém nunca disse que não recebemos adequadamente nossos convidados.

Obviamente, nós não somos os melhores anfitriões, mas não deixamos que isso nos impeça, pois a vida é muito curta para não passar momentos relaxantes com bons amigos em uma boa conversa. Felizmente a maioria de nossos amigos também tem filhos pequenos e entendem que a vida familiar é confusa. De fato, nossa casa é desarrumada, mesmo depois tentarmos arrumá-la para os hóspedes.

Minha teoria é que, apesar de acharmos que isso é embaraçoso, ninguém realmente se importa ou julga um ao outro sobre as delicadezas dos jantares. Ninguém sai de uma festa reclamando que a cozinha estava um pouco menos que perfeita ou que a peça central na mesa não era apropriada. Mesmo assim, nós colocamos uma enorme pressão sobre nós mesmos para nos tornarmos anfitriões perfeitamente polidos, tanto que a ansiedade faz com que muitas pessoas se recusem a ter qualquer visitante em sua casa. Pensamos que todos estão nos julgando e nos compadecendo silenciosamente – um medo que rapidamente põe um fim à hospitalidade.

Hospitalidade e irmandade

Enquanto isso, minha única reação após passar uma noite com os amigos é reconhecer que a conversa foi agradável e agradecer pelo convite. Poderíamos ter passado a noite nos degraus de concreto da frente da casa bebendo vinho em copos de plástico. A questão não é o quanto fico impressionado. Tudo o que me lembro destas visitas é a qualidade da irmandade.

Eu me pergunto se a hospitalidade sofreu precisamente porque mudou do conceito de curtir o tempo com os amigos e se tornou algo para impressionar uns aos outros. De alguma forma nos convencemos de que, para uma noite de sucesso, nossos convidados devem emergir espantados e atônitos com a qualidade da comida, a ambição das decorações, a limpeza e o bom gosto dos quartos.

Secretamente, sabemos que não podemos corresponder a essas expectativas, e que o preço de sequer tentar fazê-lo é um dia estressante de preparação. É muito intimidante. Como resultado, todos se sentem mais solitários.

Nenhum de nós é perfeito. Nossas casas não são perfeitas. Mas não devemos deixar que isso destrua nossa hospitalidade e nosso prazer em receber as pessoas que amamos.

O santo que preparou o caminho para uma hospitalidade descuidada

Uma boa inspiração na bela arte da hospitalidade é São Filipe Neri. Ele foi incansável na organização de palestras, grupos de discussão e outros encontros sociais em uma humilde sala que ele tinha em cima de sua paróquia. Ele também liderava grupos de amigos em viagens a pé para outras igrejas, parando no caminho para piqueniques informais. Nada sobre ele era polido, mas as pessoas adoravam passar o tempo com ele. Seu dom para uma generosa hospitalidade deu origem a uma comunidade vibrante.

Neri não era um anfitrião perfeito. Desde então, sua versão de hospitalidade tem sido chamada de “descuidada”. As pessoas que ele entretinha podem também ter sido deselegantes, eu não sei, mas certamente não eram perfeitas. Neri não era uma chefe de cozinha e, provavelmente, não sabia como dobrar os guardanapos de jantar em cisnes. Seu propósito era passar tempo com pessoas que ele amava, compartilhar uma refeição juntos, rezar juntos, rir, conversar e ver as crianças brincando. Não é disso que se trata a hospitalidade?

Sim, a hospitalidade é a oportunidade de passar tempo com as pessoas e permitir que nossas vidas se entrelacem. É isso que torna as noites tão memoráveis: as conexões que fazemos e a simples alegria da união comunitária. Quanto mais autênticos forem nossos encontros, melhor. Se você é Martha Stewart, ótimo. Se tudo que você consegue fazer é pedir pizza que todos comem diretamente da caixa, também está ótimo. Seja você. Sem estresse. Sem ansiedade. Você vai se surpreender com o quanto as pessoas adoram ficar em sua casa.

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