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Deputada pró-aborto desafia arcebispo que a proibiu de comungar

Dom Salvatore Cordileone e Nancy Pelosi, deputada pró-aborto que não deve comungar

fot. Jeffrey Bruno / Kevin Dietsch/Getty AFP/East News

Francisco Vêneto - publicado em 25/05/22

Democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos EUA, quer comungar, mas não quer se converter; além disso, pretende "ensinar Evangelho" ao arcebispo de San Francisco

A deputada democrata e pró-aborto Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, equivalente à Câmara dos Deputados Federais no Brasil, resolveu desafiar publicamente o arcebispo de San Francisco, dom Salvatore Cordileone, que, cumprindo as diretrizes do Código de Direito Canônico, a proibiu de comungar em sua arquidiocese porque ela apoia o aborto proposital de modo público e militante.

Nancy Pelosi participou nesta segunda-feira, 24, do programa televisivo Morning Joe, da rede MSNBC, e aproveitou para se declarar “de família amplamente pró-vida, ítalo-americana e católica”, bem como para afirmar que respeita “as opiniões dos outros sobre isso”, mas não respeita “que [essa opinião] seja imposta aos outros”.

Falácias de Nancy Pelosi: “opinião” versus doutrina

Trata-se de uma falácia: dom Salvatore não está se baseando na sua “opinião”, mas sim no Código de Direito Canônico (CDC).

O cânon 915 do CDC outorga a qualquer sacerdote católico a prerrogativa de negar a Sagrada Comunhão às pessoas excomungadas ou que optem por viver em pecado mortal. O cânon 1398 afirma que as pessoas que praticam ou colaboram ativamente para a execução de abortos incorrem na excomunhão automática (latae sententiae).

É o caso tanto de Nancy Pelosi quanto do presidente democrata Joe Biden: ambos promovem pró-ativamente o aborto, contrariando frontalmente o Catecismo da Igreja Católica, que é muito claro a esse respeito: o número 2271 recorda que, desde o século I, a Igreja afirma “a malícia moral de todo aborto provocado”. O mesmo número do Catecismo também reforça que “esta doutrina não mudou” e que “o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral”.

Dom Salvatore Cordileone tem a obrigação de defender a doutrina católica, ao mesmo tempo em que tem o dever de ajudar os católicos a compreendê-la e a praticá-la coerentemente. Ele próprio relatou ter tentado diversas formas de diálogo com Nancy Pelosi – e que ela mesma as rejeitou. Em comunicado emitido no último dia 20 de maio a toda a sua arquidiocese, a arcebispo afirma:

“Depois de numerosas tentativas de falar com ela para ajudá-la a entender o grave mal que está cometendo, o escândalo que ela vem causando e o perigo que está correndo para a própria alma, decidi que chegou o momento em que tenho o dever de declarar publicamente que ela não deve ser aceita na Sagrada Comunhão, a não ser que, e até que, repudie publicamente o seu apoio aos ‘direitos’ ao aborto, se confesse e receba a absolvição no sacramento da Penitência pela sua colaboração com esse mal”.

Mais falácias de Nancy Pelosi: “Evangelho” ao gosto do freguês

Além da falácia da “opinião”, a deputada democrata pró-aborto arrogou-se a competência de “ensinar Eevangelho” ao arcebispo.

No programa de TV do qual participou, e no qual ela sim expôs a “sua opinião” de modo unilateral e enviesado, Nancy Pelosi afirmou que a oposição “veemente” de dom Cordileone ao que ela chama genericamente de “direitos LGBTQ” seria “não coerente com o Evangelho de Mateus”.

Resta saber qual é o capítulo do Evangelho de São Mateus que trataria de tais direitos e quais são especificamente os direitos a que ela se refere. Para setores da mídia descomprometidos com o jornalismo, no entanto, bastou alardear que o arcebispo é que “não vive o Evangelho”.

Narrativas vitimistas e desonestas

A dramatização vitimista dos promotores do aborto foi prolífica em declarações desconexas e clamorosamente desonestas contra a medida pastoral adotada por dom Salvatore.

A atriz norte-americana Whoopi Goldberg defendeu o que chamou de “direito a comungar” de Nancy Pelosi, inventando mais um direito tão inexistente quanto o de praticar abortos à vontade. Ninguém tem direito à Eucaristia: o Corpo e o Sangue de Cristo são puro dom de Deus, absolutamente imerecidos, e requerem basicamente uma única “contrapartida” do católico que a recebe: estar em estado de graça.

Não contente com pontificar sobre o que desconhece, Whoopi Goldberg ainda piorou sua “argumentação” acrescentando que “a batalha pelo direito ao aborto começa a nublar as divisões entre Igreja e Estado”. Esta patética tergiversação dos fatos pretende levar a entender que é a Igreja quem estaria se intrometendo numa política de Estado, quando, na realidade, é a militância ideológica de alguns grupos políticos que está querendo intrometer-se na doutrina da Igreja.

A atriz ainda teve o desplante de tentar delimitar qual é e qual não é o trabalho de dom Salvatore como arcebispo:

“Esse não é o seu trabalho, cara! Não cabe a você tomar essa decisão! É surpreendente. Qual é a ideia da Comunhão? É para pecadores. É a recompensa dos santos e o pão dos pecadores. Como se atreve?”.

O sacerdote espanhol Juan Manuel Góngora respondeu a Whoopi Goldberg, via Twitter, de modo sucinto e perfeitamente suficiente, com base nos já expostos artigos do Catecismo e do Direito Canônico:

“Esta senhora está confusa. A comunhão eucarística não é um ‘direito’. Qualquer sacerdote pode negá-la quando ocorrerem as circunstâncias apropriadas e é um dom que deve ser recebido em estado de graça. Mas é claro que o relato de vitimização para os incautos é mais interessante”.

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