Temos batalhado, de modo incansável, dentro da lei e da ordem, desde junho de 2020, junto ao Comando Geral da PM e ao Governo do Estado de São Paulo, para que se permita, num gesto de humanidade, nas noites e/ou dias frios, na cor do uniforme, o uso de um gorro simples de lã (ou semelhante) a proteger a cabeça e os ouvidos do PM, ficando a face descoberta.
Em 2021, enviamos e publicamos aqui no Aleteia – a quem muito agradecemos o espaço – uma Carta Aberta ao então governador João Dória. Neste ano de 2022, divulgamos outra Carta Aberta, com o mesmo teor, ao recém-empossado governador Rodrigo Garcia. Agora, dada a preocupação com a friagem que se aproxima, fizemos um Apelo também ao Sr. Coronel PM Ronaldo Miguel Vieira, comandante geral da PMESP. Tem ele o seguinte conteúdo:
Com saudações cordiais, dirigimo-nos a V. Sa. a fim de lhe pedir que incorpore – dentro das prerrogativas que lhe competem –, no Regulamento de Uniforme (RU) da Polícia Militar do Estado de São Paulo, na cor do uniforme, um gorro simples de lã (ou semelhante) a proteger a cabeça e os ouvidos do PM, ficando a face descoberta.
Em que pese o espírito militar de sacrifício, tal pedido visa, se concretizado, oferecer uma maior sensação de conforto ao PM em serviço, pois tem de patrulhar com os vidros da viatura abertos para, no jargão policial, “sentir as ruas”, o que pode prejudicar não só os ouvidos, com o vento frio que forma corrente, como também o corpo todo a perder calor ou energia térmica. Observação semelhante vale ao policial fora da viatura exposto ao frio intenso.
Ora, tem-se como verdade científica que “o frio favorece a contração dos músculos e tecidos que envolvem o canal do ouvido e deixa a pele mais sensível. Essa contração é o que provoca a dor. Não se trata de otite (infecção de ouvido), apenas dor no canal auditivo. A dica é se agasalhar, usar gorro” (1).
Mais ainda: “Basicamente, perdemos cerca de 30 a 40% do calor corporal através da cabeça. Portanto, quando está frio, o nosso organismo vai enviar sangue para a cabeça antes de qualquer coisa, pois o cérebro é o principal órgão do corpo e precisa ser mantido aquecido” (2). Ora, por lógica, com a cabeça devidamente aquecida, todo o corpo estará bem.
Óbvio é que a referida proteção seria optativa, ou seja, ficaria a critério do policial, para uso noturno e diurno, no período de inverno (3) e nos demais dias frios a, eventualmente, ocorrerem também em outras épocas do ano. Esse uso de gorro já se dá, num grande gesto de humanidade, no Rio Grande do Sul, por exemplo (4).
Certos de sua acolhida, expressamos, antecipadamente, nossa gratidão pela atenção dedicada a este pedido. Com votos de estima e consideração, subscrevem-no:
Vanderlei de Lima e Vitor Roberto Pugliesi Marques.
Que o apelo assinado por este religioso e pelo Dr. Vitor Roberto Pugliesi Marques, competente médico neurologista, possa surtir o efeito almejado.
Notas:
1. https://drauziovarella.uol.com.br/otorrinolaringologia/5-mitos-e-verdades-sobre-dor-de-ouvido/, acesso em: 05/06/2020.
2. https://www.oficinadeinverno.com.br/blog/inverno-no-brasil-em-2019/, acesso em: 28/05/2022.
3. https://www.tempo.com/noticias/previsao/ar-polar-poderia-trazer-uma-segunda-onda-de-frio-no-inicio-de-junho-.html, acesso em: 28/05/2022.
4. https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2020/07/policiais-militares-poderao-usar-touca-e-cachecol-durante-o-inverno-no-rs-ckc6jc7xl006g014y1402o1ih.html, acesso em: 28/05/2022.