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Por que você deve pensar cuidadosamente na sua vizinhança ao escolher um bairro para viver

NEIGHBORHOOD

Kusska | Shutterstock

Michael Rennier - publicado em 31/05/22

O nosso bairro molda-nos e torna-se a nossa experiência de comunidade

Eu cresci numa rua calma do subúrbio. Gostava muito do nosso bairro. A rua estava sempre cheia de crianças, havia um parque atrás da nossa casa para explorar e muitas casas a serem construídas, nas quais podíamos brincar à noite depois dos trabalhadores irem para casa.

Todos os Verões, fazíamos uma festa na vizinhança. No dia 4 de Julho, todos os pais saíam das suas garagens carregados de foguetões e havia um espectáculo coletivo de fogo-de-artifício.

Não era incomum ver grupos de crianças a andar de bicicleta à volta do quarteirão ou um jogo de bola a bloquear a rua. Os meus pais ainda vivem na mesma casa em que cresci, enraizados nas memórias e estabilidade do lugar.

Este enraizamento, penso eu, é importante. Especialmente num mundo que se tornou transitório e carente da força da comunidade local. As pessoas mudam frequentemente de residência, chegando mesmo a saltar para cidades e Estados totalmente diferentes. Normalmente isto deve-se às oportunidades de emprego, o que é compreensível, mas a separação da família e do bairro tem um custo. Muitas pessoas sentem que lhes falta a estrutura de apoio de uma comunidade, pessoas que o conhecem e que se preocupam consigo.

É por isso que, se você tiver a sorte de poder estabelecer-se num bairro e criar raízes, vale a pena considerar em que tipo de bairro quer viver, especialmente se vai criar lá crianças e passar décadas a investir nessa comunidade.

Central, distante, mais urbano, mais rural?

Muitas das famílias católicas que conheço neste momento estão a tentar mudar-se para o campo, obter uma propriedade, e uma casa. Tenho de admitir que não me parece uma má ideia. Há virtudes para uma vida rural. É um ritmo de vida mais simples, mais em sintonia com a natureza, e proporciona mais liberdade para as crianças. Se houver uma vila ou cidade próxima, pode ser o tipo de comunidade unida e solidária pela qual todos ansiamos. Sim, parece-me que a vida rural ainda é subvalorizada.

A nossa própria família assumiu o compromisso oposto. Queríamos muito comprar uma casa num bairro urbano. Adoramos a nossa cafetaria local e outros locais para onde podemos ir a pé. Todas as sextas-feiras descemos a rua para comer pizza de queijo. Eles conhecem-nos lá. Vemos frequentemente os nossos vizinhos a dar um passeio à noite e eu gosto da forma como os alpendres da frente tendem a tornar-se espaços de reunião nas noites quentes de Verão. Gostamos da arquitetura mais antiga e das qualidades históricas das casas – a nossa é uma vitoriana de tijolo vermelho construída no final do século XIX. Acima de tudo, como pais de seis filhos, apreciamos o fato de que quando caminhamos para o parque para brincar, as crianças interagem com um grupo diversificado de crianças de diferentes origens.

Alguns podem pensar que não importa realmente onde se vive ou em que tipo de bairro se criam os filhos. Penso que isso é bastante importante. Conheço muitas pessoas que compram uma casa sem primeiro considerar o bairro. Não veem como isso irá afetar as suas vidas. Simplesmente veem uma casa, e porque todos os outros parecem estar a comprar casas maiores e é a coisa a fazer, eles agarram a primeira casa grande que podem pagar.

No entanto, nem sempre vale a pena. Alguns lugares parecem que os vizinhos mal se conhecem uns aos outros, ou forçam as famílias a longos deslocamentos e tempo de carro, ou não têm acesso a uma boa paróquia nas proximidades. Viver nesses lugares não é mais do que um lugar para dormir e de onde se deslocar. Um bairro é mais do que casas: tem a ver com pessoas.

O nosso bairro molda-nos

Não há um lugar perfeito, e claro que as pessoas têm boas razões para preferir o campo, a cidade, ou os subúrbios, de acordo com suas preferências e necessidades. Por vezes, é também verdade que os compromissos de trabalho ou as realidades financeiras significam que não chegamos a viver onde queremos. A questão é que o tipo de bairro que escolhemos para viver afeta as nossas famílias, e os lugares são comunidades vivas, respirando comunidades com personalidade própria. Isso exige uma consideração cuidadosa.

No seu romance My Antonia, Willa Cather descreve as terras agrícolas das grandes planícies, escrevendo:

“Os ventos de primavera e os verões abrasadores, um após outro, tinham enriquecido e suavizado aquela planície; todo o esforço humano que nela se tinha desenvolvido regressava em longas e arrebatadoras linhas de fertilidade. As mudanças pareciam-me belas e harmoniosas; era como assistir ao crescimento de um grande homem ou de uma grande ideia”.

Sinto o mesmo em relação ao meu bairro urbano. É a expressão física de como gerações de humanos viveram juntos, moldando o lugar com a sua alegria e seus sofrimentos, sua esperança e beleza.

Faríamos bem em considerar muito a sério onde criamos raízes, porque o solo desse lugar irá moldar a forma como crescemos. E, claro, nós também temos um efeito no ambiente. Também nós tomaremos o nosso lugar nessa comunhão de almas que tanto contribuem para tornar estes variados lugares – rurais, urbanos, ou qualquer coisa entre eles – em lares.

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