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Nossa Senhora em alguns outros livros do Antigo Testamento

MOTHER MARY

Immaculate | Shutterstock

Vanderlei de Lima - publicado em 12/06/22

Possam estes textos despertar profundas reflexões!

Este artigo trata de textos do Antigo Testamento que fazem, de algum modo, referência à Maria, mãe de Deus e nossa mãe. 

São eles: Miqueias 5,1-2, Cântico dos Cânticos (ao falar da Esposa), Provérbios e Eclesiástico (ao tratarem da Sabedoria – Cristo – e da Dama que a acompanha, Maria), os chamados Salmos de Sião e as figuras de Judite e Ester. Vejamos, de modo breve, cada uma dessas passagens.

Miqueias 5,1-2: não é uma profecia messiânica propriamente, pois estaria, em seu contexto imediato, tratando apenas da volta da vida normal dos israelitas depois do exílio da Babilônia. Todavia, a tradição judaica – muito antes da cristã – já via aí uma profecia anunciando um novo Davi. Tal profecia se cumpriu no nascimento de Jesus (cf. Mt 2,6), de modo que os próprios sacerdotes e escribas de Israel citaram Mq 5,1-2 “para indicar o lugar em que o Messias devia nascer; ver Mt 2,4-6” (Curso de Mariologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1997, p. 7). Da cidade pequena e esquecida – Belém – vem Cristo, o descendente de Davi (cf. Rt 4,18-22).

O mesmo profeta cita também aquela que deve dar à luz (5,2). Faz, assim, referência à Mãe do Emanuel (Deus-conosco) mencionada por Isaías 7,14, dado que a figura dessa mulher já era conhecida dos seus ouvintes. Ainda: nas cortes do Oriente Antigo (Assíria, Babilônia, Egito etc.) a rainha-mãe gozava de grande prestígio. Daí o Antigo Testamento também valorizar a genitora do rei como gebirah (mãe do Senhor ou grande Dama), conforme 1Rs 15,13; 2Rs 10,13; Jr 13,18; 29,2. Até mesmo o nome da rainha-mãe é elencado em 1Rs 14,21; 15,2-10; 22,42; 2Rs 8,26; 12,2; 15,2-23 etc. Mais: quem compara 1Rs 1,16-17 e 2,19 nota a estima dada à mãe do rei (cf. idem, p. 7-8).

Cântico dos Cânticos: narra o amor humano entre um homem e uma mulher, amor que os leva ao matrimônio e é o tipo do amor esponsal entre o Senhor Deus e a Filha de Sião, a esposa de Javé (cf. Is 54,1-8; 62,4-5; Os 1,5). “Ora, a Esposa de Javé no Novo Testamento é a Igreja (cf. 2Cor 11,2; Ef 5,25-29), da qual Maria é miniatura; em Maria, a Igreja vê seu protótipo e considera o estado final que tocará a todos os justos. A alma de Maria SS., cheia de graça, estava (e está) unida ao Senhor Deus mais do que qualquer criatura. Daí poderem ser-lhe aplicados os dizeres que o autor do Cântico dirige à esposa nesse livro. Maria seria a esposa em sentido pleno” (ibidem, p. 9).

Provérbios 8,22-31 e Eclesiástico 24,3-21: ambos conceberam a Sabedoria não como simples atributos de Deus, mas como uma pessoa, Jesus Cristo (cf. 1Cor 1,24; Hb 1,3). À luz dessa interpretação plausível, Maria é a Dama na condição de obra prima da Divina Sabedoria, tabernáculo ou sede da Sabedoria do Pai enquanto mãe do Verbo feito homem por amor de nós.

Os Salmos que louvam a cidade de Jerusalém (cf. 43; 48; 87 etc.): são aplicados, na Liturgia, à Virgem Maria, uma vez que a Cidade Santa – Jerusalém – é tida por mãe dos israelitas ou mesmo de todos os povos (cf. Gl 4,26; Ap 21,2.9-10). Ora, Nossa Senhora é, por excelência, a mãe de Deus e nossa mãe, por isso, a ela se aplicam, com justiça, os louvores dirigidos à cidade de Jerusalém.

Judite 15,9-10: o texto se refere exclusivamente a Judite, a viúva, abandonada e fraca aos olhos humanos, mas que, fortalecida por Deus, por meio da oração e do jejum, derrota, através de um artificio próprio, Holofernes, o grande inimigo do povo eleito. Eis porque a Liturgia aplica as palavras de louvores a Judite a Maria Santíssima (cf. Cândido Pozo, SJ. María en la obra de la salvación. Madri: BAC, 1974, p. 127-128).

Ester: é outra mulher frágil que, infiltrada na corte do rei Asuero, da Pérsia, humanamente nada poderia, fortalecida por Deus, no entanto, livra Israel, o seu povo, do grave extermínio planejado por Amã, primeiro-ministro de Assuero. Sua intercessão nos recorda Nossa Senhora, a grande intercessora junto a Nosso Senhor. Ambas as mulheres demonstram que Deus escolhe os fracos para confundir os fortes (cf. 2Cor 12,10).

Possam estes textos despertar-nos profundas reflexões!

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