Depois que o Vaticano anunciou a suspensão das ordenações do seminário de La Castille, na França, mais de 10.000 fiéis da região assinaram uma petição que pretendem enviar ao Papa Francisco
A decisão do Vaticano de suspender as ordenações sacerdotais e diaconais do seminário de La Castille, na diocese de Fréjus-Toulon – originalmente prevista para 26 de junho – é rara. Tal fato surpreendeu muitos fiéis, parecendo a muitos que a decisão foi apoiada em alguma explicação sem fundamento.
Em 4 de junho, um dia após o anúncio, fiéis da diocese decidiram escrever uma petição ao Papa Francisco.
“Vários paroquianos da diocese estavam em contato uns com os outros dizendo que tínhamos que escrever ao Papa para dizer-lhe que esta decisão é brutal, especialmente em relação aos seminaristas privados de ordenação após sete anos de estudo e reflexão”, disse Benoît Ab der Halden, signatário da carta e paroquiano em St. Joan of Arc em Toulon, que está envolvido na diocese há muitos anos.
Ele também disse à Aleteia que “a ideia é encontrar uma solução, especialmente para os ordinandi, que se encontram presos entre a decisão do Vaticano e as reprovações feitas a um bispo na administração de seu seminário e de sua diocese”.
Com relação ao bispo de Fréjus-Toulon, que há 22 anos lidera a diocese, ele diz: “O bispo Rey é ousado, ele tentou certas coisas e, às vezes, não funcionou. Mas diante dos frutos de suas ações dentro da diocese, a decisão de suspender as ordenações nos choca profundamente”.
Lançada na sexta-feira, 3 de junho, espera-se que a petição seja enviada ao Papa Francisco na próxima semana. Aqui está o texto completo do documento:
“Nós, fiéis da Igreja na França, recebemos com choque e dor as proibições contra Dom Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon, e não entendemos as motivações.
Esta decisão que foi tomada nos preocupa profundamente e nos choca, sobretudo aos seminaristas privados de ordenação, que devem enfrentá-la.
Nós a acolhemos em obediência à Igreja, mas não a compreendemos, especialmente em vista do que sabemos do Bispo Rey, de sua personalidade e de sua liderança em sua diocese por 22 anos.
Ele é um bispo que conferiu, por suas ações, mas também por sua personalidade, muita esperança para a renovação da Igreja da França.
Estamos seriamente preocupados com as consequências duradouras nas relações entre Roma e o povo cristão da França, que já estão brutalmente abaladas.
A diocese de Toulon está unida em torno de seu bispo num impulso missionário, como testemunha o sucesso das inúmeras iniciativas nascidas nesta diocese, em particular as que afetam os mais desfavorecidos ou o fato de que a idade média de nossos padres ser de 55 anos; estes são sinais de esperança para toda a nossa Igreja.
É claro que o bispo Rey não é perfeito, ninguém é, mas ele é criativo e ousado. Através de suas ações, D. Dominique Rey tenta servir à unidade da Igreja e se certifica de que todos encontrem um lugar nela. Muitos já sentiram sua benevolência. Eles podem testemunhar isso: os pobres, os marginalizados, os cidadãos das periferias do mundo, eles são seus amigos. Foi ele quem, junto ao seu próximo, foi procurar a ovelha perdida, a fim de acolher o filho pródigo.
Santo Padre, sem dúvida há razões para a decisão tomada contra os seminaristas e a diocese, mas o que sabemos é o imenso dano que as proibições contra Monsenhor Rey farão à Igreja na França.
Não permitamos que as preocupações dos cristãos na França se multipliquem. Que estejamos num espírito de fraternidade, verdade, escuta e paz. Esperançosamente, rezamos.”