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A última carta da Beata Maria Gabriela Sagheddu

MARIA GABRIELLA SAGHEDDU

Monastero Trappiste Vitorchiano

Vanderlei de Lima - publicado em 19/06/22

A linguagem simples, mas, ao mesmo tempo, espiritualmente profunda sugere muitas reflexões

Maria Gabriela Sagheddu (1914-1939) é uma jovem monja trapista italiana que se ofereceu como vítima expiatória pela unidade dos cristãos. O Papa São João Paulo II a beatificou em 25 de janeiro de 1983.

Em seus quatro anos na trapa de Grottaferrata, escreveu 45 cartas ou bilhetes às pessoas próximas. Ora, a Cultor de Livros publicou sua obra completa intitulada Cartas da Trapa: vida e correspondências de Maria Gabriela Sagheddu que retrata a vida da monja e traz, na íntegra, seus escritos enriquecidos de introdução e notas explicativas.

Desta obra extraímos a correspondência de número 45. Dirigida à sua mãe é a última de suas cartas. O seu testamento espiritual. Vale, pois, a pena lê-la com vagar.

“Queridíssima mãe. Estou escrevendo estas linhas para lhe enviar meu último pensamento e minha última saudação. O divino Esposo renovou o convite e o dia tão esperado se aproxima. Não lhe falo sobre o dia da morte, mas sobre o dia em que, rompidos os laços desta mísera carne, poderei finalmente passar desta vida àquela feliz e bendita no céu. A separação do corpo não é uma morte, mas um passo para a verdadeira vida.”

“Alegre-se, ó minha mãe, porque lá em cima não haverá mais clausura e eu, embora a senhora não me veja, poderei ir visitá-la e abraçá-la muito, enquanto sinto crescer mais meu amor pela senhora. Esteja tranquila, porque lá em cima serei muito mais útil à senhora do que aqui; porque lá verei claramente suas necessidades e poderei interceder junto ao Senhor mais de perto. Não chore e não faça os dramas que se fazem em Dorgali, porque me daria muita tristeza.” 

“Em vez disso, quero que, no mesmo dia em que receberem a notícia, vão todos à Missa e comunguem; e, assim, rezarão por mim e darão muitas graças ao Senhor pelos dons que me deu e pelas predileções que teve para comigo.” 

“Espero que Salvador e o cunhado tenham cumprido o preceito pascal, mas se não o fizeram, recomendo encarecidamente que o façam o mais rápido possível; ao menos para cumprir meu último desejo, e eu rezarei muito por eles.”

“Recomendo-lhes, uma vez mais, que estejam serenos e alegres no Senhor, que rezem por mim e encomende-me às orações dos parentes e amigos aos quais, junto a vocês, envio a minha última saudação. Pela última vez, peço perdão a todos pelas ofensas que pude lhes causar.” 

“Eu a abraço de perto no Coração de Jesus junto com toda a família. Sempre sua filha Irmã Maria Gabriela” (p. 187-188).

A linguagem simples, mas, ao mesmo tempo, espiritualmente profunda sugere muitas reflexões. Aqui, destacaremos apenas algumas.

1) A morte não é o fim, mas o início da verdadeira vida junto do celeste Esposo, Jesus Cristo, a quem ela se uniu em matrimônio místico, por meio da profissão religiosa monástica na Trapa.

2) Do céu, ela poderá – livre das barreiras terrenas – ajudar mais a seus familiares e amigos por sua intercessão junto ao divino Esposo.

3) A Beata Gabriela dá uma preciosa dica para cada um viver o luto. Não obstante a tristeza humana, devemos superá-lo pela alegria da vida eterna por meio da oração – especialmente da Santa Missa – pela pessoa falecida.

4) Preocupa-se com Salvador, seu irmão relapso na fé. Ele, como diz o livro, se converteu depois da morte de sua irmã monja. 

5) Ela pede perdão a todos pelos pecados cometidos e que os ofendeu. Eis aí a grandeza da santidade, como ensina Santo Ambrósio de Milão: “Errar é comum a todos os homens, mas arrepender-se e pedir perdão é próprio dos santos” (Apologia David ad Theodosium Augustum II, 5-6).

Debrucemo-nos, pois, sobre a preciosa obra Cartas da Trapa, da Beata Maria Gabriela Sagheddu, monja trapista italiana do século XX.

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