"Converter-se a uma igreja não é converter-se a Jesus Cristo: é converter-se a uma nova denominação, que é o que milhares de crentes fazem"
“Fulano aceitou Jesus”: o pe. Zezinho questiona o que significa essa frase, observando que “converter-se a uma igreja não é converter-se a Jesus Cristo: é converter-se a uma nova denominação, que é o que milhares de crentes fazem”.
Eis o que o padre escreveu na sua rede social:
“Recentemente um famoso cantor sertanejo foi anunciado como tendo aceitado Jesus. Alguém perguntou o que isto significa. Fui ver numa rede social e, de fato, ele aceitou Jesus numa igreja evangélica. Na realidade, ele já tinha aceitado Jesus em outra Igreja. Mas a notícia foi truncada de maneira a entender que só aceita Jesus quem adere a determinada igreja pentecostal ou evangélica.
A notícia, para ser verdadeira, deveria dizer que ele ACEITOU JESUS, mas aceitou pela segunda vez NUMA OUTRA IGREJA. Ateu ele não era! Converter-se a uma nova denominação e a outra igreja é tão somente MUDAR de IGREJA e não mudar de Jesus. Então, converter-se a uma igreja não é converter-se a Jesus Cristo: é converter-se a uma nova denominação, que é o que milhares de crentes fazem. Mudam de igreja e não mudaram de Jesus! O fato é que já acreditavam em Jesus, mas a pregação de algum padre ou pastor os convenceu a crer de outro jeito e numa outra igreja”.
Marketing da fé
O pe. Zezinho continuou:
“Aí se vê o que o faz o marketing da fé. Os pregadores mentem sobre o fato. Fazem o antigo fiel crer que agora ele aceitou Jesus, quando o novo fiel apenas aceitou a pregação de uma nova igreja ou de um novo pregador. Alguns até garantem que curam e fazem milagres em nome de Jesus, dando data e local para as novas curas. O novo convertido sentiu-se melhor ao mudar de templo, ou de pregador, ou de igreja. Aceitar, eles aceitaram, mas tratava-se do Jesus de sempre, só que, agora, com os argumentos de um novo pregador.
Aqui a questão: é mais a questão ‘pregador’ do que a questão ‘Jesus’. Na gênese de qualquer conversão está um pregador simpático ou exigente. Há quem procure isto para a sua vida. Um pregador irado ou um pregador de fala mansa. Mas é sempre um pregador de templo ou de TV”.
O veterano sacerdote propôs então uma crítica aos católicos que, a seu ver, “rejeitam as atualizações da nossa Igreja e seguem catecismos, livros e pregadores tradicionalistas”:
“Vejo isto também na Igreja Católica. Rejeitam as atualizações da nossa Igreja e seguem catecismos, livros e pregadores tradicionalistas. Ou miram um futuro que ainda não aconteceu e seguem algum livro ou pregador católico futurista. E, se um padre pregador se guia pelo catecismo atual, pelos documentos do Vaticano II ou por instruções dos Papas desde 1962, o pregador é chamado de padre comunista ou em cima do muro”.
Por fim, o pe. Zezinho concluiu:
“Aceitar Jesus envolve saber quem era Jesus. E muitos nunca leram nem a Bíblia, nem nenhum catecismo ou documento dos últimos 100 anos… Lembra a lenda do canto de sereia. Na lenda, os marinheiros eram amarrados pelo capitão ao mastro do navio, para não mergulharem atrás de uma linda sereia a cujo canto ninguém resistia”.