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Vereador do PT que liderou invasão a igreja é cassado

Invasão a igreja em Curitiba

@renatofreitasvereador

Reportagem local - publicado em 24/06/22

Lula havia declarado que o vereador errou por ser "jovem" e lhe garantiu seu apoio contra a cassação

Foi cassado o vereador do PT que liderou a invasão a uma igreja em Curitiba em fevereiro deste ano, num episódio que gerou enorme indignação entre católicos do país inteiro.

A igreja do Rosário foi usada como palco de manifestação ideológica e partidária, alegadamente contra o racismo, no dia 5 de fevereiro. Os invasores se basearam no desconexo pretexto de repudiar, em particular, o assassinato do imigrante congolês Moïse Kabagambe no Rio de Janeiro – um trágico e execrável episódio que, no entanto, não guarda relação com uma igreja católica localizada a mais de 800 quilômetros de distância do local do crime.

Em maio, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba aprovou por 5 votos a 2 o pedido de cassação do mandato do vereador do PT. A cassação se fundamentou em infração ético-disciplinar e quebra de decoro parlamentar por abuso de prerrogativas.

A invasão à igreja

No episódio da invasão, os ativistas forçaram a interrupção de uma Santa Missa, conforme depoimento do pe. Luiz Hass, que descreveu a situação como “insuportável”, com “barulho muito grande”. Ele declarou à imprensa local:

“Pedimos que abaixassem o som lá fora, saíssem da escadaria. Mas começaram a dizer que era igreja dos negros. Suspendi a Missa, porque não tinha como, não era horário para fazer o protesto”.

Imagens gravadas em vídeo mostram que, dentro da igreja, além do vereador do PT, havia também manifestantes com bandeiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Vários dos manifestantes proferiam ataques verbais contra a Igreja Católica.

A Arquidiocese de Curitiba divulgou nota, assinada por dom José Antonio Peruzzo, repudiando o ato de profanação e descrevendo os comportamentos do grupo militante como “invasivos, desrespeitosos e grotescos”.

Renato Freitas sustentava que não houve interrupção da Missa e que o ato havia sido pacífico.

No parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, aprovado em 10 de maio, o relator Sidnei Toaldo (Patriota) considerou que o vereador petista não interrompeu a celebração, mas perturbou a prática de culto. O fator apontado pelo relator como causa para a pena de cassação foi a “realização de ato político no interior da igreja”. Segundo Sidnei Toaldo, as imagens gravas permitiram “constatar o representado na frente do altar, aos gritos, dirigindo-se aos manifestantes cujo grupo portava bandeiras e camisetas com conteúdo político e ideológico”. O relatório também apontou que os manifestantes gritavam palavras de ordem como “fora Bolsonaro” e carregavam bandeiras do Partido Comunista Brasileiro. O texto complementa que “em nenhum momento o vereador deixa a liderança nem pede que os manifestantes se abstenham de tais práticas”.

Após a decisão do Conselho, o vereador petista participou de um ato no qual, segundo matéria do Correio Braziliense, declarou:

“A guerra não acabou”.

O apoio de Lula ao vereador

Em fevereiro, com a forte repercussão negativa da invasão à igreja, o agora candidato à presidência da República pelo PT, Luis Inácio Lula da Silva, defendeu o direito do vereador de seu partido a protestar contra o racismo, mas ressalvou que Renato Freitas não tinha o direito de invadir a igreja: “Não foi correto, ele sabe que errou”. Em entrevista à rádio curitibana Banda B, Lula acrescentou que Freitas deveria pedir desculpas “ao povo do Paraná, ao PT, aos padres, aos religiosos”.

Por outro lado, Lula também declarou na mesma ocasião, segundo matéria da Gazeta do Povo, que o abuso cometido pelo vereador petista ocorreu porque ele “é jovem”. Classificando a invasão à igreja como um “deslize político”, Lula afirmou que o “menino” tem o direito “de pedir desculpas, tem o direito de ser desculpado, de ser perdoado”.

E acrescentou, a propósito da cassação do vereador petista:

“Nós vamos te defender. Não vamos querer que você seja cassado. Não vamos permitir que a direita conservadora da Câmara te casse”.

A cassação de Renato Freitas

Nesta última quarta-feira, 22 de junho, a Câmara dos Vereadores de Curitiba cassou o mandato do vereador do PT por “procedimento incompatível com o decoro parlamentar”.

Foram 25 votos a favor da cassação, 5 contrários e 2 abstenções.

Três vereadores estavam impedidos de votar, além do próprio acusado. Ausentaram-se da votação dois vereadores: Dalton Borba (PDT), que justificou a ausência por motivos de saúde, e Maria Letícia (PV), que alegou compromissos institucionais. Ambos eram contrários à cassação e haviam votado contra ela no primeiro turno, nesta terça-feira. As abstenções foram dos vereadores Professor Euler (MDB) e Salles do Fazendinha (DC).

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IdeologiaIgrejaPerseguiçãoPolíticaViolência
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