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10% das viúvas do mundo vivem na pobreza, diz ONG católica voltada a ajudá-las

viúva

Ian Dyball | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 27/06/22

Há no mundo cerca de 258 milhões de mulheres viúvas, das quais 1,4 milhão são jovens; na África, 10% das mulheres com mais de 14 anos já são viúvas

A ONG católica Manos Unidas (“Mãos Unidas”, em espanhol) afirma que há hoje no mundo cerca de 258 milhões de mulheres viúvas, das quais 10% vivem na pobreza. Baseando-se em levantamentos de diversas organizações internacionais, a ONG destaca ainda que 1,4 milhão das viúvas são jovens.

Segundo a Manos Unidas, as viúvas sofrem sistemáticos maus-tratos e abusos em vários países do mundo, principalmente na África e na Ásia, já que, em algumas culturas, elas costumam ser “acusadas” pela morte dos maridos. Ao enviuvarem, é comum que muitas sejam separadas à força dos filhos e fiquem privadas dos próprios bens e direitos.

O contexto da denúncia da ONG católica é o Dia Internacional das Viúvas, celebrado em 23 de junho. A data foi criada em 2011 pela Organização Mundial das Nações Unidas (ONU).

A voluntária Rocío Bonet, que trabalha em projetos da Manos Unidas na Ásia, registra a chamativa correlação entre a violência reservada às viúvas e a grande disseminação do casamento precoce: meninas são obrigadas a casar-se com homens que chegam a ter o dobro ou o triplo da sua idade. Nessas culturas, também é frequente que, após a morte do marido, as viúvas sejam submetidas a ritos ancestrais de luto que colocam a sua integridade física em risco.

Na Índia

Na Índia, por exemplo, as viúvas “condenadas pela família” acabam tendo que mendigar nas ruas para sustentar a si mesmas e aos filhos pequenos.

A injustiça ultapassa o absurdo: por um lado, elas não têm direito a herdar sequer a casa onde viviam, e, por outro, é “mal visto” que procurem emprego e pior ainda que voltem a se casar, a não ser que seja com um parente do marido falecido.

A hipocrisia dos motivos alegadamente culturais é claramente denunciada por Rocío Bonet, que declara que, em muitos casos, tudo se deve ao fato de que os parentes do marido morto querem “herdar” os seus bens, tirando a viúva “do caminho”.

Na África

As coisas não são muito melhores na África, onde várias sociedades também retiram das viúvas os direitos sociais e econômicos e até mesmo a guarda dos filhos, que são considerados parte da família apenas do marido morto.

Há na África também estatísticas impactantes sobre a quantidade e a idade das viúvas: dados do Banco Mundial apontam que incríveis 10% de todas as mulheres africanas com mais de 14 anos já são viúvas – e a maioria enfrenta a pobreza e algum grau de exclusão.

Coordenadora de projetos da Manos Unidas na África Ocidental, Fernanda Castillo acrescenta que muitas mulheres no continente sãoinfectadas com o vírus HIV pelos maridos e acabam sendo ainda mais marginalizadas por causa da aids.

Muitas viúvas, prossegue Fernanda, são expulsas de casa ou da comunidade sob acusações falsas de feitiçaria, porque esta é uma das formas mais fáceis, além de cruéis, de excluí-las socialmente.

Nesses contextos, para tentar escapar da miséria e da total exclusão, é comum que as viúvas se rendam ao assim chamado levirato, antigo costume de casar-se com irmãos ou parentes próximos do marido morto.

Ações da Manos Unidas

A ONG católica comanda programas que oferecem às viúvas apoio psicológico, assistência à saúde, informação jurídica sobre os seus direitos, capacitação profissional e ajuda na busca de emprego.

Em Burkina Faso, por exemplo, um projeto da ONG, em parceria com paróquias, criou uma associação de apoio às viúvas que promove geração de renda para elas e seus filhos.

Só em 2021, a ONG católica investiu 4,8 milhões de euros em 70 projetos voltados especificamente a apoiar 200 mil mulheres, entre as quais muitas viúvas ameaçadas pela pobreza e pela injustiça.

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