O pe. José Eduardo Oliveira compartilhou em sua rede social um comentário no qual analisa o que descreve como o “problema real da doutrina do livre exame”. Eis as suas considerações:
“Um problema real: a doutrina do livre exame entregou nas mãos dos desconstrucionistas a possibilidade de desmontarem o texto bíblico com meros recursos semânticos (toda a exegese queer em torno dos termos “malakoi” e “arsenokoitai” de 1Cor 6,9 são a pura demonstração disso – valem-se de Derridas e Foucault como chave hermenêutica inconfessa).
Além de a maior parte dos teólogos protestantes não estarem minimamente preparados para lidar com essas ferramentas nefastas (pois, em geral, desprezam a filosofia clássica, que seria a única arma de autodefesa contra essas incursões ideológicas), mesmo que obtivessem sucesso metodológico, estariam completamente desarmados diante de mais um livre exame das Escrituras, o que demonstra que, sem a Tradição, é impossível compreender a sua coerência interna e o cristianismo sempre estará à mercê dos iconoclastas inovadores e revolucionários.
A solidez da fé católica consiste justamente no fato de que nenhum espertinho ou metido a cientificozinho, por mais pedante ou academicamente armado que seja, conseguirá superar a inexpugnável fortaleza da unanimidade católica dos Padres da Igreja e Doutores Eclesiásticos”.
O padre conclui:
“Neste sentido, a crise doutrinal pela qual passa a Igreja Católica não é bem um fenômeno doutrinal, mas um fenômeno cognitivo, devido a que a atual geração é vítima de uma superlativa e agudíssima burrice! – That’s all, Folks! – Está tudo escrito, em latim e grego, é só estudar e ler! Mas o mesmo não vale para quem adere ao livre exame “ex professo”.
No meu entender, o diálogo com a Tradição como fonte normativa da fé será inevitável para os teólogos das próximas gerações; caso contrário, a teologia mesma se esvaziará por completo e, ao contrário de levar à unidade da fé, levará ao estado de instabilidade de que São Paulo nos queria preservar na Epístola aos Efésios”.
