Embora o debate sobre o aborto gire, frequentemente, em torno das muitas dificuldades que uma mulher grávida pode enfrentar, uma das maneiras mais eficazes de prevenir tais dificuldades é educar os jovens para o autocontrole e a cultura da vida.
A cultura moderna tem uma tendência a vincular a felicidade pessoal ao prazer instantâneo e, particularmente, à satisfação sexual, promovendo a ideia de que a única forma de realização é através dos nossos impulsos sexuais.
Entretanto, São João Paulo II explicou repetidamente ao longo de sua vida que a verdadeira felicidade se encontra no amor autêntico. Ele mencionou isso em uma mensagem do Angelus, em que refletiu sobre a vida de Santa Maria Goretti. Disse ele:
“O seu martírio recorda que o ser humano não se realiza seguindo os impulsos do prazer, mas vivendo a própria vida no amor e na responsabilidade.”
Esta mesma verdade é explorada no Catecismo da Igreja Católica, apontando a castidade como o caminho para a felicidade duradoura:
“A castidade implica uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz. «A dignidade do homem exige que ele proceda segundo uma opção consciente e livre, isto é, movido e determinado por uma convicção pessoal e não sob a pressão de um cego impulso interior ou da mera coação externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se de toda a escravidão das paixões, prossegue o seu fim na livre escolha do bem e se procura de modo eficaz e com diligente iniciativa os meios adequados».
CIC 2339
O autocontrole, certamente, não é fácil, mas é um esforço para toda a vida.
“O domínio de si é uma obra de grande fôlego. Nunca poderá considerar-se total e definitivamente adquirido. Implica um esforço constantemente retomado, em todas as idades da vida; mas o esforço requerido pode ser mais intenso em certas épocas, como quando se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência.”
CIC 2342
Este tipo de autodomínio é uma virtude que, muitas vezes, não é ensinada aos jovens – que têm mais necessidade de resistir aos impulsos sexuais.
Entretanto, se queremos chegar a um futuro em que o aborto não seja considerado, o primeiro passo é formar jovens para a cultura da vida e para a liberdade sexual autêntica, que reconhece a “Teologia do Corpo” e a importância da sexualidade verdadeira na vida conjugal.